IMPÉRIA – Em Dias Assim

Atualmente o mercado do rock nacional passa por grande crise de identidade e principalmente de qualidade. Porém, de vez em quando aparece alguém que salva a pátria e faz com que voltemos a ter esperanças na música brasileira. Esse é o caso da banda Impéria.

Formada em 1996, a banda paulistana que conta com os irmãos Felippe (guitarra) e Flavius Deliberalli (bateria), o primo Marcio Deliberalli (vocal) e Ricardo Ueno (baixo) acabou de lançar seu primeiro CD “Em Dias Assim”, produzido pelo guitarrista do Barão Vermelho, Fernando Magalhães.

Através de suas dez faixas, a banda Impéria apresenta um rock ‘n’ roll muito bem trabalhado, flertando com o Hard Rock e até Heavy Metal, graças principalmente aos inspirados e pesados riffs de guitarra e às levadas diretas e encorpadas que são muito bem distribuídas em faixas como “Guerra Sem Sentido”, “Em Dias Assim”, “Alta Voltagem” e “Trilhas Abertas”. Além disso, a banda consegue dosar peso e melodia na medida certa, como podemos comprovar em “O Povo do Caos” e “Dias de Paz”, esta última que conta com a participação de Magalhães na guitarra.

Outro diferencial da banda está nas letras. Diferentemente de 90% do que ocorre no cenário nacional, e fugindo das mesmices, a Impéria investe em letras inteligentes e atuais, que se preocupam em dizer alguma coisa e não apenas vociferar palavras sem sentido. Ponto mais do que positivo para a banda.

Se quiser ter um bom exemplo do que o grupo é capaz de fazer vá até a faixa nove “Eu Sou o Que Eu Sou” e comprove a qualidade da banda. Um dos destaques do álbum (minha predileta), a faixa permite que todos os músicos mostrem sua competência, desde o comecinho com um belo solo de baixo que logo se emenda a uma passagem furiosa de bateria, vocais caprichados e guitarras sempre muito bem utilizadas durante toda a canção.  Isso tudo sem contar o belíssimo refrão.

Aproveitando um pouco a capa do CD, podemos afirmar que sim, ainda existe uma luz no final do túnel para o rock nacional e essa estreia da banda Impéria comprova isso. Ficamos aqui na torcida para que a banda consiga cada vez mais espaço no combalido cenário nacional para mostrar seu talento e, esperamos ansiosamente por outros trabalhos de qualidade como este “Em Dias Assim”.

Faixas:

  1. K-Otica (introdução)
  2. Guerra Sem Sentido
  3. Em Dias Assim
  4. O Povo do Caos
  5. Alta Voltagem
  6. Dias de Paz
  7. Nova Terra (instrumental)
  8. Trilhas Abertas
  9. Eu Sou o Que Eu Sou
  10. Eu Sou o Que Eu Sou – Sole Novum

ROXETTE – Credicard Hall (19/04/2011)

Ontem (19/04) tive a oportunidade de conferir o último show da banda Roxette no Brasil. Estava bastante curioso para ver o retorno dos suecos aos palcos, afinal, a banda quase acabou após a vocalista Marie Fredriksson descobrir em 2002 que possuía um tumor no cérebro. Os médicos chegaram a dizer que Marie teria poucas chances de vida, mas para alegria geral ela se recuperou e retomou a parceria de sucesso com o vocalista e guitarrista Per Gessle.  

A banda nacional Ludov foi a encarregada de fazer o aquecimento para o show principal. E os paulistanos fizeram um belo papel, agradando o público presente, o que convenhamos é algo a comemorar, pois quase sempre a banda de abertura é hostilizada ou ignorada. Fugindo das mesmices de outras bandas nacionais, o Ludov mostrou muita qualidade e criatividade.  Sem dúvida, o grupo merecia mais destaque em nosso combalido cenário musical.

Agora falemos da atração principal. O Roxette fez certamente um grande show. A abertura com “Dressed for Success”, “Sleeping in My Car”, “The Big L.” e “Wish I Could Fly” empolgou o público presente. Depois de algumas músicas novas, a banda disparou três baladas na sequência “Perfect Day”, “Things Will Never Be The Same” e a clássica “It Must Have Been Love” cantada em uníssono pela platéia, emocionando a dupla. Vale citar que Per Gessle agita bastante durante todo o show, assim como os músicos convidados Christopher Lundqvist (guitarra) e Helena Josefsson (backing vocals e percussão). Marie é mais contida e apesar de continuar afinada não consegue mais atingir algumas notas de outrora, reflexo do grave problema de saúde por que passou. As vezes Marie, inclusive, parece fazer um esforço enorme para segurar algumas notas, mas isso não prejudica em nada o espetáculo.

Outra linda balada “Fading Like a Flower” e os hits “How Do You Do!”, “Dangerous” e “Joyride” fecharam a primeira parte do show.

No primeiro bis outra sequência matadora. A bela “Watercolours in the Rain” emocionou muita gente, o sucesso “Spending My Time” derrubou outros e o primeiro hit da banda “The Look” contagiou de vez os fãs.

No segundo bis, já com Marie vestindo a camisa da seleção brasileira de futebol, a banda mostrou a nova “Way Out” e em seguida apresentou a música mais pedida e esperada da noite, “Listen To Your Heart”, que deixou muito marmanjo com lágrimas nos olhos. “Church of Your Heart” fechou a noite com chave de ouro.

Um belo show, que comprovou a superação de Marie Fredriksson, e reafirmou a dupla como um grande destaque do pop/rock mundial. E não há como negar as baladas do Roxette são muito boas!

 Setlist

1. Dressed for Success
2. Sleeping in My Car
3. The Big L.
4. Wish I Could Fly
5. Only When I Dream
6. She’s Got Nothing On (But the Radio)
7. Perfect Day
8. Things Will Never Be The Same
9. It Must Have Been Love
10. Opportunity Nox
11. 7Twenty7
12. Fading Like a Flower (Every Time You Leave)
13. Stars
14. How Do You Do! / Dangerous
15. Joyride
Encore 1:
16. Watercolours in the Rain
17. Spending My Time
18. The Look
Encore 2:
19. Way Out
20. Listen to Your Heart
21. Church of Your Heart

PEARL JAM – Live on Ten Legs

Fazer uma resenha de sua banda predileta é muito difícil, especialmente quando se trata de um disco ao vivo comemorativo que deveria trazer todas aquelas músicas que você fez questão de decorar letra e melodia. Bom, mesmo assim vamos tentar…

Live on Ten Legs comemora os vinte anos do lançamento do sensacional debut da banda, “Ten”, o disco que mais ouvi na vida. E para celebrar essa grande estréia, o Pearl Jam lançou mais um álbum ao vivo (sim a banda deve ter uns duzentos) tentando retratar toda sua prolífica carreira.

E não há come negar, a banda de Seattle é impressionante ao vivo. Os guitarristas Mike McCready e Stone Gossard dão show, Jeff Ament (baixo), Matt Cameron (bateria) e Boom Gaspar (teclados) são extremamente competentes, mas é o vocalista Eddie Vedder quem se rouba a cena. E não tem como ser diferente, carismático e afinado, o ex-surfista é a alma da banda e um baita vocalista.

Em Live on Tem Legs a banda tentou montar um set list equilibrado, com todas as fases da carreira, dando suporte especial ao cd mais recente, Backspacer, que possui quatro faixas neste álbum: o single “The Fixer”, a ótima “Just Breathe” (ficou linda ao vivo), “Got Some” e “Unthought Known”.

E imagino como deve ser difícil para a banda criar um setlist, afinal são muitas músicas indispensáveis, e claro que algumas das prediletas de um ou outro acabam de fora. E neste cd não é diferente. Confesso que fiquei frustrado em não encontrar “Black” (minha favorita) e “Even Flow” do saudoso Ten, alem de outras como “Betterman”, “Daughter”, “Crazy Mary”, dentre outras.

Mas mesmo assim, essa compilação de faixas gravadas em diversos lugares do mundo entre 2003 e 2010 é sensacional. “Animal”, “World Wide Suicide”, “Rearviewmirror” e “Spin the Black Circle” garantem a agitação. As indefectíveis e necessárias “Jeremy”, “Alive”, “Porch”, “State of Love and Trust” e Yellow Ledbetter” (sempre utilizada pela banda para fechar os shows) estão lá competentes como sempre, bem como as brilhantes  “I Am Mine” e “Nothing as it Seems”. E claro que não faltam os momentos “isqueiro para o alto” com as baladas “In Hiding” e a já citada “Just Breathe” . Além disso, o PJ ainda tem tempo de homenagear algumas de suas influências com covers de Joe Strummer (ex-vocal do The Clash) com “Arms Aloft” , e “Public Image” da banda britânica PiL, do vocalista John Lydon, do Sex Pistols.

Live on Ten Legs não é um Best of como muitos afirmaram que seria, mas é um ótimo e honesto cd, de uma das bandas que melhor sabem fazer um show ao vivo, afinal quem não lembra dos épicos show realizados no Brasil no final 2005?

Ah… e para terminar, diz a lenda que a banda já tem algumas datas em Novembro deste ano reservadas para um retorno ao Brasil. Vá guardando dinheiro e nos vemos nos shows!
Set list:
1. Arms Aloft
2. World Wide Suicide
3. Animal
4. Got Some
5. State of Love And Trust
6. I Am Mine
7. Unthought Known
8. Rearview Mirror
9. The Fixer
10. Nothing As It Seems
11. In Hiding
12. Just Breathe
13. Jeremy
14. Public Image
15. Spin the Black Circle
16. Porch
17. Alive
18. Yellow Ledbetter

Pearl Jam performing Just Breathe.

SAVATAGE – Handful of Rain

Uma das bandas mais subestimadas do Metal mundial, o Savatage sempre primou pela qualidade de seus álbuns, seja através de rock óperas, discos conceituais ou obras repletas de sentimento como Handful of Rain, objeto desta resenha.

O Savatage havia acabado de lançar um de seus discos de maior sucesso, Edge of Thorns, quando acabou passando por uma tragédia, a morte de Criss Oliva, guitarrista e um dos fundadores da banda, em outubro de 1993. Os integrantes da banda ainda em choque decidiram fazer um novo álbum como homenagem a Criss e para tal chamaram o virtuoso guitarrista Alex Skolnick (da banda Testament) para ajudá-los na empreitada. O resultado foi um álbum fantástico, talvez o melhor de sua discografia, repleto de momentos inesquecíveis e de um trabalho sensacional realizado pelo mentor da banda, o ex-vocalista Jon Oliva e do produtor e compositor Paul O’Neil.

Handful of Rain começa com “Taunting Cobras”, aquela típica faixa arrasa-quarteirão que empolga pelo peso e pela energia e que serve muito bem para iniciar um show enlouquecendo a galera. A faixa título mistura momentos mais cadenciados com outros mais rápidos, em uma mescla que só o Savatage consegue fazer de forma impecável.

A terceira e melhor faixa do cd, “Chance” é um verdadeiro hino. É aquela música que impressiona, não tem como não gostar, tudo beira a perfeição. Nesta “obra de arte” os americanos se utilizam pela primeira vez de um recurso que poucos conseguiram ousar imitar, a contraposição de vozes. No final da música nada mais, nada menos que seis vozes contrapostas fazem um coro empolgante.

Com a difícil missão de suceder “Chance”, “Stare in to the Sun” aposta também na mistura de momentos cadenciados e lentos com outros mais pesados, sempre de forma bem elaborada. “Castles Burning” é outra grande faixa que mostra a versatilidade do vocalista Zachary Stevens que “brinca” com sua voz alternando alguns agudos, e momentos melodiosos, sempre com muita competência e afinação. Destaque também para o belo solo de Skolnick.

Sexta faixa do cd, a instrumental “Visions”, composta pelo falecido guitarrista, mostra a capacidade acima da média dos músicos. Se o Cirque Du Soleil resolvesse fazer uma espetáculo rock ‘n’ roll certamente eles pediriam para usar “Visions”. “Watching you Fall” é uma semi-balada que possui um refrão sensacional e uma combinação de solos de piano e guitarra feita na dose certa.

 “Nothing’s Going On’ despeja peso e velocidade e “Symmetry” apesar de ser uma balada não despreza guitarras pesadas e alguns vocais mais rápidos. Por falar em balada, “Alone You Breathe” feita em homenagem a Criss Oliva, fecha o álbum com chave de ouro, trazendo toda a emoção e inspiração guardadas pela banda. Essa música é linda e leva fácil qualquer fã de Savatage às lágrimas. Fato!

 Resumindo, Handful of Rain é um cd sensacional, que deveria ser obrigatório a qualquer amante de metal ou de boa música. Procure e compre! Imperdível e inesquecível!  

Savatage – Chance