Dinossauros do Rock lançam novos álbuns

Recentemente chegaram às lojas brasileiras os novos cd’s de verdadeiras lendas do rock mundial. Estamos falando de Black Sabbath, Deep Purple, Bon Jovi e Megadeth.

Destes lançamentos, o mais esperado foi, sem dúvida alguma, “13”, que marca o retorno de um dos criadores do Heavy Metal, o Black Sabbath. Reunidos com o vocalista Ozzy Osbourne, 34 anos após o último disco de inéditas com a formação original, Tony Iommi e Geezer Butler conseguiram não só resgatar o passado glorioso da banda como provar que os “velhinhos” ainda tem muita lenha para queimar.

Definitivamente, “13” é um ótimo álbum (apesar de inferior aos clássicos da banda). Os riffs magistrais de Iommi estão intactos, assim como as precisas linhas de baixo de Geezer, e Ozzy…bom Ozzy é Ozzy! Infelizmente, o baterista original Bill Ward não faz parte dessa reunião, mas é bem substituído pelo competente Brad Wilk (Rage Against the Machine). Todas as onze faixas (três delas presentes apenas na versão deluxe) são muito legais, com destaque para “God is Dead?”, “Loner”, “Zeitgeist” e “Damaged Soul”. Retorno mais do que digno!

Outro dinossauro que mandou bem foi o Deep Purple. Seu novo álbum “What Now?!” é de um bom gosto ímpar. Está longe de clássicos como “Machine Head” ou “Perfect Strangers” e o som está até um pouco diferente, flertando mais com o rock progressivo, porém, talvez seja o melhor disco lançado pela banda desde Purpendicular (o primeiro com o guitarrista Steve Morse). As faixas casam perfeitamente com o atual alcance vocal de Ian Gillan e podemos perceber que a banda está mais afinada do que nunca. Destaque para o tecladista Don Airey que conseguiu imprimir seu estilo após sofrer com as costumeiras comparações com o saudoso e fantástico Jon Lord. Portanto, esqueça a sonoridade do passado e dê uma chance a esse novo Purple, pois ele é bem legal!

Depois de dois lançamentos consistentes, agora vamos para os outros dois que, confesso, me frustraram um pouco. Já faz algum tempo que o Bon Jovi deixou de ser uma banda de Hard Rock, mas sempre rola aquela esperança de pegar um novo álbum deles e encontrar algum resquício daquilo que fizeram no passado, mas certamente o recém-lançado “What About Now” enterra de vez esse sonho.

Totalmente pop, o disco não é de todo ruim, afinal a guitarra de Richie Sambora sempre aparece bem e Jon Bon Jovi canta muito, mas algumas músicas são bem fraquinhas. Destaque positivo para o primeiro single “Because We Can”, para a faixa título e, principalmente, para a última faixa da versão deluxe “Every Road Leads Home to You”, que na verdade é uma faixa do disco solo de Richie Sambora, o que convenhamos não é um bom sinal.

Guardadas as devidas proporções, assim como o Bon Jovi, o Megadeth também deu uma aliviada no seu som de uns tempos para cá, deixando de flertar com o Thrash Metal de outrora, infelizmente. A banda de Dave Mustaine acabou de soltar no mercado “Super Collider” que apesar de seguir os passos do antecessor “Thirteen” acaba soando mais experimental (tem até banjo!), lembrando até o criticado “Risk”. O álbum até que começa bem com “Kingmaker” e consegue empolgar com faixas como “Burn!” e “Built for War”, mas fica aquele gostinho de que podia ser melhor, ou pelo menos um pouquinho mais nervoso. Saudades dos velhos tempos de “Peace Sells…”, “So Far, So Good…” e “Rust in Peace”.

A verdade é que os tempos são outros, as bandas mudaram muito e parece cada mais impossível vermos alguns de nossos ídolos repetirem as fórmulas do passado e gravarem os mesmo discos de antigamente. Culpa da evolução, como costumam dizer as bandas? Talvez. O fato é que dificilmente ouviremos novos “Paranoid”, “Machine Head”, “New Jersey” ou “Peace Sells…”…ah, santa nostalgia!

 

SOUNDGARDEN – King Animal (2012)

Sim, após um hiato de 16 anos, a banda de Seattle volta com novo álbum, mantendo o mesmo entrosamento responsável por criar clássicos definitivos daquilo que outrora ficou mundialmente conhecido como grunge.

Dentre as estrelas do grunge, o Soundgarden sempre foi o preferido por apreciadores do Heavy Metal e por muitos críticos musicais. Talvez por beber da mesma fonte de ótimas bandas de rock clássico como Led Zeppelin ou por apresentar uma ou outra referência mais pesada e “arrastada” de Black Sabbath (especialmente no começa da carreira). Sem contar, é claro, com o talento do ótimo vocalista Chris Cornell, do excelente guitarrista Kim Thayil e da competente cozinha formada pelo baixista Bem Shepherd e pelo baterista Matt Cameron (hoje também no Pearl Jam). Independente disso, a banda sempre foi muito competente e agora está de volta com um bom álbum de inéditas, King Animal.

Como forma de comparação, o novo disco está mais para o último Down on the Upside do que para os meus prediletos Superunknown e Badmotorfinger (o melhor de todos). Existe um pouco mais de experimentalismo e psicodelismo do que peso. Cornell continua competente, mas seu alcance vocal já não suporta mais tanta agressividade e aqueles rasgados característicos que tanto agradavam em hinos como a inesquecível “Outshined”.

Faixa de abertura, primeiro single, e grande destaque de King Animal, “Been Away For Too Long” aposta nos ótimos riffs de Thayil e nas mudanças de ritmo. O título é bastante significativo, afinal foram muitos anos de espera pela volta da banda. Excelente começo. A faixa seguinte “Non-State Actor” também é bem legal. Cornell solta alguns gritos em meio a boas melodias e ótimas transições. Segundo single, “By Crooked Steps” é mais arrastada e lembra bastante faixas do início da carreira da banda. Já “A Thousand Days Before” é aquela faixa que mostra clara influência de sons antigos e, digamos, bem “Led Zepellianos”.

A densa “Blood on the Valley Floor” é outra que faz uma visita aos princípios da banda, onde psicodelismo e aquelas levadas pesadas e arrastadas se destacavam. “Bones of Birds” é mais calma e poderia muito bem estar presente nos últimos dois álbuns da banda. “Taree” é outra canção mais suave e com um andamento de guitarra bem interessante e que gruda na sua cabeça por um bom tempo. “Atrition” retoma a agressividade lembrando algo de punk rock aqui ou ali e, é a mais curta do álbum, enquanto “Black Saturday” aposta do intimismo e nas levadas mais acústicas.

“Halfway There” é a canção mais pop do disco. Semi-acústica, a faixa tem mais relação com a carreira solo do vocalista. “Worse Dreams” mostra o bom entrosamento baixo / bateria, mas é aparentemente a mais fraca do disco. Penúltima faixa, “Eyelids Mouth” comprova o talento de Chris Cornell, especialmente no refrão onde sua voz ganha alguns efeitos fazendo uma boa mescla com os vocais limpos. “Rowing” fecha o lançamento de forma muito interessante. Uma faixa bastante diferente do que a banda costuma fazer, com passagens de bateria eletrônica, guitarras entrelaçadas, e muito experimentalismo.

King Animal definitivamente não é um clássico. Não existem hits consagrados e ainda sinto falta de um pouco mais de peso da época de Badmotorfinger, mas é um bom disco que mostra o porquê do Soundgarden ser tão cultuado. Espero que não existam mais separações e que Cornell cumpra o que prometeu no último festival SWU onde prometeu que voltaria ao Brasil agora com a banda. Em tempos onde a péssima música impera, ouvir um novo trabalho de Cornell & Cia é sempre uma bênção! Confira!

Tracklist:

01. Been Away Too Long
02. Non-State Actor
03. By Crooked Steps
04. A Thousand Days Before
05. Blood On The Valley Floor
06. Bones Of Birds
07. Taree
08. Attrition
09. Black Saturday
10. Halfway There
11. Worse Dreams
12. Eyelid’s MOuth
13. Rowing

 

Veteranos lançam novos CD´s

Três grandes bandas, Aerosmith, Kiss e Rush acabaram de lançar seus novos e, por sinal, ótimos álbuns. Uma boa opção de presente de Amigo Secreto ou Natal para aqueles poucos sobreviventes que ainda preferem ter o CD original na mão!

Onze anos sem lançar um disco de inéditas, o Aerosmith, mais uma vez teve que lidar com brigas internas (em algum momento a banda chegou a divulgar que estava atrás de um novo vocalista), disputas de egos e até a presença do líder e vocalista, Steven Tyler, no American Idol para voltar ao estúdio.

O novo CD, Music From Another Dimension! investe forte no rock setentista, com direito a faixas bastante pesadas como “Luv XXX”, “Oh Yeah” e “Lover Alot”, mas sem deixar de lado as sempre requisitadas baladas como “What Could Have Been Love”, “Closer”, “Another Last Goodbye” e “Can’t Stop Lovin’ You” que conta com a participação especial da cantora Carrie Underwood e tem uma leve pitada country. Primeiro single do álbum, “Legendary Child” foi classificada pelo guitarrista Joe Perry como “uma volta as raízes, uma mescla de tudo já feito pelo grupo”. Faz sentido! Confira e não vai se arrepender.

Por falar em não se arrepender, o Kiss mandou bem outra vez. Monster, vigésimo álbum de estúdio da banda tem tudo aquilo que o fã gosta. Melodias cativantes, solos instigantes (o guitarrista Tommy Thayer não desaponta os fãs de Ace Frehley ou Bruce Kulick) e refrãos sempre caprichados (esses caras são imbatíveis nisso). Gene Simmons e Paul Stanley estão cantando melhor do que nunca e é sempre bom vê-los alternando os vocais de uma faixa para a outra, ou em uma mesma música.

Faixas como “Hell or Hallelujah” (primeiro single), “Freak”, “Back to the Stone Age”, “Shout Mercy” e a excelente “The Devil is me”, com direito a show de Simmons nos vocais e de Thayer no inspirado solo de guitarra, imprimem qualidade a este novo trabalho, que sem dúvida alguma figura entre os melhores de toda a discografia dos mascarados (especialmente quando pensamos nos álbuns mais recentes).

Para terminar este resumão de lançamentos, nada melhor do que falar um pouco dos canadenses do Rush. Geddy Lee (baixo e vocais), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria) mais uma vez uniram seus talentos e inspiração em nome do bom e velho rock ‘n’ roll. O conceitual e recém-lançado Clockwork Angels mostra que a musicalidade e a criatividade dos canadenses continua em alta.

Grande destaque do disco, o primeiro single “Caravan” é aquela típica canção com a cara do Rush. Quando a ouvi pela primeira vez tive a nítida impressão que era uma faixa antiga e fiquei surpreso quando descobri que era nova. Sensacional! Passado e modernidade permeiam em torno de todas as doze faixas, e é impossível não se empolgar com canções como “BU2B”,  as pesadas “Seven Cities of Gold” e “Headlong Flight” e a maravilhosa balada “The Garden”. Lee, Lifeson e Peart mandaram bem outra vez!

Três ótimos lançamentos que comprovam que o rock ‘n’ roll continua vivo sim, graças a Deus! Corra atrás!

 

TESTAMENT – Dark Roots of Earth (2012)

Esse post é especial para os amigos do Grupo Heavy Metal (e cerveja) do Facebook e para quem curte um bom Thrash Metal sem frescuras e livre de modismos!

Os americanos do Testament acabam de lançar seu novo álbum “Dark Roots of Earth”. Contando mais uma vez com praticamente todo o line-up clássico da banda (Chuck Billy – vocal; Eric Petersen e Alex Skolnick – guitarras e Greg Christian – bateria) com exceção do baterista Louie Clement, substituído por Gene Hoglan, os caras mais uma vez fizeram bonito, outra grande peça para a rica discografia de Chuck Billy & Cia.

A pedrada “Rise up” é aquela típica faixa de abertura arrasa quarteirão que apresenta bem o álbum e mostra o que vem pela frente. “Native Blood”, segundo single e primeiro vídeo clipe do disco une o thrash vigoroso da banda com toda a musicalidade que só uma dupla de guitarristas como Petersen e Skolnick pode proporcionar. Além disso, Chuck Billy comprova porque é um dos melhores vocalistas do metal mundial.

A faixa título é mais cadenciada, especialmente no início, e conta com ótimo refrão e solos inspirados. Poderia muito bem estar presente em álbuns sensacionais como Souls of Black e The Ritual. “True American Hate” foi o primeiro single tirado de Dark Roots of Earth e é uma verdadeira “cacetada”, talvez a principal música do disco. Ela tem de tudo um pouco, velocidade, peso, melodia, vocais fortes, riffs inspirados e conta com um grande trabalho do batera Gene Hoglan. Como toca esse cara!

Quinta faixa do álbum, “A Day in the Death” tem no baixo de Christian o grande destaque. Outra canção forte, mas com menos impacto, e que assim como a anterior foi co-escrita pelo antigo vocalista da banda, Steve Zetro Souza. “Cold Embrace” é a música mais longa do cd e é uma daquelas típicas semi-baladas épicas que só o Testament sabe fazer. Introdução de violão com vocais suaves e o contraste com passagens mais pesadas e aceleradas. Tudo isso com direito a mais um belo solo de Alex Skolnick. Perfeita!

“Man Kills Mankind” volta a apostar no peso e em riffs galopantes, enquanto “Throne of Thorns”, outra faixa acima dos sete minutos de duração, justifica minha predileção pelo Testament. Difícil rotular essa canção. Dedilhados, passagens que lembram Pantera (vocais à la “Cemetery Gates”), outras que nos remetem a Black Sabbath, coros e mais guitarras furiosas. Demais! O álbum fecha com “Last Stand for Independence”, outra “porrada” que te faz querer ouvir tudo de novo.

A versão deluxe do disco ainda conta com covers para “Dragon Attack” do Queen, Animal Magnetism do Scorpions e “Powerslave” do Iron Maiden. Destaque para a ótima versão do Queen.

Para quem gosta de um bom Thrash Metal este é um lançamento imperdível. Agora se você, assim como eu, é um fã da banda então é item mais do que obrigatório para sua coleção. Corra atrás!

Tracklist:

1 – “Rise Up”
2 – “Native Blood”
3 – “Dark Roots Of Earth”
4 – “True American Hate”
5 – “A Day In The Death”
6 – “Cold Embrace”
7 – “Man Kills Mankind”
8 – “Throne Of Thorns”
9 – “Last Stand For Independence”
10 – “Dragon Attack” (cover do Queen)
11 – “Animal Magnetism” (cover do Scorpions)
12 – “Powerslave” (cover do Iron Maiden)
13 – “Throne Of Thorns” (versão extendida)

 

WARREN HAYNES BAND – Live at the Moody Theater (2012)

Poderíamos resumir este lançamento como uma verdadeira aula de boa música em apenas dois CD’s. Para quem não sabe Warren Haynes é guitarrista e vocalista das banda The Allman Brothers Band e Gov’t Mule. Dois excelentes grupos que fazem uma interessante mescla de rock ‘n’ roll, blues, country music e algumas pitadas de soul, R&B e gospel, ritmos estes mais acentuados em sua carreira solo com a Warren Haynes Band.

Neste CD duplo gravado ao vivo em Austin, Texas (EUA), no final do ano passado, Haynes desfila toda sua categoria em canções de suas bandas mais famosas e algumas covers como a inusitada versão para “Dreaming the Same Dream” de Ziggy Marley; a sempre maravilhosa “Spanish Castle Magic” de Jimi Hendrix e a surpeendente “Pretzel Logic” da banda Steely Dan.

“River’s Gonna Rise”, “Sick of my Window”, “Frozen Fear” (belíssima!), “On a Real Lonely Night” (que conta com ótimas improvisações e solos de tirar o fôlego), “Tear me Down” e “Soulshine” são alguns dos grandes destaques do CD ao lado da fantásticas “Fire in The Kitchen” (melhor faixa do álbum) e “Friend to You”, um dos principais sucessos do Allman Brothers.

Além do talento indiscutível de Haynes é importante valorizar a banda que o acompanha nesta empreitada. A adição do vocal de apoio a cargo da ótima Alecia Chakour (ouça “A Change is Gonna Come” e confira) aliado a saxofones, trompetes, trombones e piano tornam as músicas ainda mais encorpadas. “Invisible” mostra muito bem do que a banda é capaz. Uma Jam Session digna das melhores jazz bands do planeta.

Alguns podem achar cansativo, afinal existem solos e jams (às vezes exagerados) ao longo das canções, mas a qualidade dos músicos é acima do normal, principalmente nos dias de hoje, em que fazer sucesso é escrever coisas sem pé nem cabeça e cheios de “Tchururus” e “Tchararas”. Mais um ponto positivo para Warren Haynes que não cansa de nos presentear com boa música. Sim, isso sim é música!

Tracklist:

CD1

1 – Man in Motion – 7:57
2 – River’s Gonna Rise – 8:52
3 – Sick of My Shadow – 9:31
4 – A Friend to You – 5:56
5 – On a Real Lonely Night – 11:33
6 – Invisible – 13:01
7 – Take a Bullet – 5:21
8 – Hattiesburg Hustle – 6:53
9 – Everyday Will Be Like A Holiday – 10:15

CD2

1 – Frozen Fear – 6:19
2 – Dreaming The Same Dream – 6:33
3 – Pretzel Logic – 11:55
4 – Fire In The Kitchen – 7:06
5 – A Change is Gonna Come – 6:57
6 – Spanish Castle Magic – 6:49
7 – WHB Intro – 3:06
8 – Tear Me Down – 8:48
9 – Your Wildest Dreams – 12:11
10 – Soulshine – 8:56

 

ADRENALINE MOB – Omertá (2012)

Estava bastante curioso para conferir o cd de estréia do Adrenaline Mob, banda que conta com o vocalista do Symphony X, Russell Allen, e o ex-baterista do Dream Theater, Mike Portnoy. E a curiosidade valeu à pena. O álbum é excelente!

Não dava mesmo para duvidar da qualidade de um grupo que reúne um dos melhores bateristas do mundo e para mim o melhor vocalista do metal na atualidade. O som dos caras é diferente do Metal Progressivo que praticam (ou no caso de Portnoy, praticava) em suas bandas de origem.

O Adrenaline Mob mistura com competência Heavy Metal Moderno e cheio de groove com boas doses de Hard Rock. O lado mais moderno aparece logo na faixa de abertura de Omertá “Undauted” que lembra bastante a banda de New Metal Disturbed. O peso predomina em “Psychosane” (destaque total para o guitarrista Mike Orlando) e “Indifferent” onde podemos comprovar o talento do vocalista Russell Allen.

Quarta faixa do cd, “All on the Line” é uma balada que gruda logo na cabeça e você já passa a cantarolar o refrão. Logo na sequência, “Hit the Wall” e “Feelin’” retomam o peso, apostando na velocidade e na pegada de Portnoy, que aqui é muito mais contido (de forma positiva) e menos virtuoso do que era no Dream Theater, e na versatilidade de Allen. Sensacional!

O cover do Duran Duran para “Come Undone” foi uma surpresa bastante agradável. Nunca poderia imaginar que essa canção poderia soar tão pesada e melodiosa ao mesmo tempo. E o contraponto entre os vocais de Allen e da convidada Lizzy Hale (da banda Halestorm) funcionou com perfeição cirúrgica.  Outro grande momento.

“Believe Me” soa bem Hard Rock, enquanto “Down to the Floor” é puro Heavy Metal (mais uma vez ponto para o guitarrista Mike Orlando que capricha nos solos). “Angel Sky” é outra balada muito bem feita, típica do Hard norte-americano e “Freight Train” investe no refrão pegajoso e nos solos encorpados, fechando o debut com aquele gostinho de “quero mais”.

O Adrenaline Mob não é a salvação do Heavy/Hard mundial, mas tem tudo para agradar aqueles que gostam de um bom rock ‘n’ roll, feito com honestidade e muita qualidade. Corra atrás deste cd, pois vale cada centavo investido. Eu garanto!

TrackList:

1.Undaunted
2.Psychosane
3.Indifferent
4.All on the Line
5.Hit the Wall
6.Feelin’ Me
7.Come Undone
8.Believe Me
9.Down to the Floor
10.Angel Sky
11.Freight Train

 

VAN HALEN – A Different Kind of Truth (2012)

O que parecia muito distante, ou mesmo impossível, finalmente aconteceu: o Van Halen lançou novo disco, e com o esperado retorno de David Lee Roth aos vocais após 28 anos. Se a reunião vai durar, ninguém aposta, mas que o disco novo é bem legal isso eu garanto.

Tudo bem, muita gente vai falar (na verdade, já estão falando isso por aí) que “A Different Kind of Truth” é uma coleção de músicas engavetadas, e que Eddie e Dave são preguiçosos, ou não tem mais capacidade para criar músicas novas. Mas, sinceramente… e daí?

Músicas velhas ou não, elas são tudo aquilo que os fãs da formação original tanto queriam voltar a ouvir. Canções energéticas que misturam o talento incrível do guitarrista Eddie Van Halen, que dá um verdadeiro show durante todo o cd, com os vocais únicos do “doidão” Diamond Dave. Em algumas canções dá até para imaginar o velho Dave dando seus saltos “kung-funianos” (será que existe esse termo?).

O antigo baixista, Michael Anthony faz falta sim, principalmente com relação aos backing vocals impecáveis que ele fazia primorosamente no Van Halen, e hoje os executa com primazia no Chickenfoot, mas Wolfgang, o jovem filho de Eddie, não compromete não.

O mais legal de um disco como esse é que logo nos primeiros acordes reconhecemos quem é a banda. Não há loucuras, experimentações ou grandes novidades. O que está lá é o bom e velho Van Halen do início da carreira. Tudo bem, regravar músicas daquela época (alguns trechos destas faixas foram criados na segunda metade dos anos 70) ajuda muito, mas se não houvesse competência e feeling tudo poderia ir por água a baixo.

Eddie continua tocando demais e David Lee Roth está em ótima forma. O único defeito do álbum, para mim, é a falta de um ou outro clássico. Aquele sucesso que toca sem parar nas rádios e ninguém esquece. Mesmo assim, é impossível não elogiar a linearidade do álbum e deixar de destacar canções como “Tattoo” (primeiro clipe e single); “She’s a Woman”; “Chinatown” (sensacional!); “Bullethead (riffs matadores de Eddie)” e “Outta Space”.

Sim, o bom e velho Van Halen está de volta. Agora só falta conferir a banda ao vivo aqui no Brasil. Um sonho que muita gente, como eu, cultiva há anos. Enquanto isso não acontece, corra atrás de A Different Kind of Truth. Eu recomendo!

Tracklist:

1. “Tattoo” (4:43)
2. “She’s the Woman” (2:56)
3. “You and Your Blues” (3:43)
4. “China Town” (3:14)
5. “Blood and Fire” (4:26)
6. “Bullethead” (2:30)
7. “As Is” (4:47)
8. “Honeybabysweetiedoll” (3:46)
9. “The Trouble with Never” (3:59)
10. “Outta Space” (2:53)
11. “Stay Frosty” (4:07)
12. “Big River” (3:50)
13. “Beats Workin'” (5:04)

 

Veteranos em alta: Anthrax e Megadeth lançam novos álbuns

Anthrax e Megadeth, dois dos maiores ícones do Thrash Metal mundial, acabam de ter seus novos cd’s lançados no Brasil. Integrantes do famoso Big Four ao lado de Metallica e Slayer, as duas bandas comprovam com seus novos álbuns que ainda têm muita lenha para queimar, e assim, presentear os fãs com música da mais alta qualidade.

Worship Music marca o retorno do vocalista Joey Belladonna, que apesar de não ser o vocalista original foi um dos responsáveis por tornar o Anthrax conhecido e respeitado no cenário do rock pesado mundial. E como Belladonna faz bem à banda. Seu vocal não é o mais técnico do mundo, mas combina perfeitamente com os riffs clássicos do guitarrista Scott Ian.

O novo álbum traz uma mescla entre as sonoridades do início da carreira com a modernidade dos últimos discos com o vocalista John Bush (Armored Saint). As sensacionais “Earth on Hell”, “Fight Em Til You Can’t” (poderia estar em qualquer álbum do início da carreira), “The Giant” (onde o batera Charlie Benante solta o braço), “Judas Priest” (sim, uma homenagem à banda de Rob Halford) e “Revolution Screams” nos remetem aos tempos áureos de álbuns clássicos da banda como Persistence of Time. Já “The Devil you Know” e “The Constant” mostram a evolução da banda, e parecem bastante com as canções feitas pela banda na fase mais recente.

Após oito anos sem lançar nada novo e depois de brigas e mais brigas com vocalistas o Anthrax está de volta e com tudo. Worship Music prova isso. Tomara que o casamento entre Belladona e banda dure muito tempo e continue nos brindando com grandes trabalhos.

Assim como ocorreu com os parceiros do Anthrax, o novo álbum do Megadeth, Thirteen, também marca um esperado retorno, o do baixista Dave Ellefson, que reatou a amizade e a parceria com o vocalista, guitarrista e dono da banda, Dave Mustaine. Não espere por outro clássico do Thrash Metal, pois há tempos a banda deixou de soar como nos primeiros lançamentos, mas estamos diante de um disco digno da história do Megadeth .

Thirteen mostra uma banda super coesa e entrosada (o guitarrista Chris Broderick é sensacional e o baterista Shawn Drover evoluiu demais), e que aposta alto nas melodias e nos solos bem elaborados. O primeiro single “Public Enemy No.1” já virou um clássico. Excelente música, pesadona e com um refrão empolgante. “Whose Life (Is It Anyway?) é outro destaque, assim como a rápida e ao mesmo tempo cadenciada “Fast Lane”, a épica “13” e as ótimas “Sudden Death”, “Never Dead”, e “Wrecker”. Para quem gosta da fase atual do Megadeth é satisfação mais do que garantida!

Dois  grandes lançamentos e ótimos presentes para seu Amigo Secreto de final de ano. Quem é fã dessas bandas, como eu, pode comemorar: o metal está mais vivo do que nunca e com qualidade de sobra!

 

THE KENNY WAYNE SHEPHERD BAND – How I Go (2011)

O guitarrista Kenny Wayne Shepherd sempre foi um prodígio do Blues Rock, baseando seu som em craques como Eric Clapton, Stevie Ray Vaughn e BB King. Além disso, teve a grande competência de descobrir um vocalista magnífico, Noah Hunt. Essa dupla já nos brindou com ótimos álbuns e acaba de soltar um dos melhores da carreira da The Kenny Wayne Shepherd Band.

“How I Go” tem tudo o que os fãs já estão acostumados e muito mais. Solos inspirados, belas melodias e vocais mais do que perfeitos. Como canta esse tal de Noah Hunt! Para mim, o melhor vocalista do Blues Rock mundial com sobras. Tudo no disco flui de forma muito bem dosada.

Temos aqueles típicos blues rocks com pitadas de southern como na faixa de abertura e primeiro single “Never Lookin’ Back” e em “Come On Over” que tem tudo para tocar nas rádios americanas por muito tempo, até porque para tocar aqui no nosso país é algo impossível, infelizmente. Maldito jabá! Covers muito bem executadas para Yer Blues (Beatles), Back Water Blues (Bessie Smith) e da manjada , mas sempre bem-vinda “Oh, Pretty Woman”, e excelentes baladas como “Show Me The Way Back Home”, “Heat of the Sun” e “Who’s Gonna Catch You Now”.

Destaque também para a brilhante “Anywhere The Wind Blows” cuja construção é perfeita (melodia, solos, refrão) e que nos remete aos primeiros discos da banda; a pesada “The Wire” e o provável hit, “Cold”. A versão deluxe do álbum traz ainda as ótimas “Butterfly”, “Cryin’ Shame” e “Baby the Rain Must Fall”.

Vale lembrar que além de Shepherd e Hunt a banda ainda conta com dois grandes ícones do hard/blues rock, o experiente baterista Chris Layton (Double Trouble) que já tocou com Stevie Ray Vaughn e com o Arc Angels; e o virtuoso baixista Tony Franklin, ex-Blue Murder, Whitesnake e tantos outros.

Enfim, “How I Go” possui uma musicalidade única, grande linearidade entre as faixas e muito, mas muito bom gosto. Vá atrás e curta esse ótimo lançamento.

Tracklist:

1. Never Lookin’ Back
2. Come On Over
3. Yer Blues (The Beatles Cover)
4. Show Me The Way Back Home
5. Cold
6. Oh, Pretty Woman (Albert King Cover)
7. Anywhere The Wind Blows
8. Dark Side Of Love
9. Heat Of The Sun
10. The Wire
11. Who’s Gonna Catch You Now
12. Back Water Blues (Bessie Smith Cover)
13. Strut

14. Butterfly
15. Cryin’ Shame
16. Baby The Rain Must Fall

 

TEDESCHI TRUCKS BAND – Revelator (2011)

Todo mundo que gosta de música de qualidade deveria ouvir este CD. O que não falta em Revelator é bom gosto e muita, muita inspiração. O segredo para isso é a união entre o guitarrista Derek Trucks (da excelente Derek Trucks Band, e do super cultuado Allman Brothers Band) e a esposa, a ótima cantora Susan Tedeschi.

Contando com o apoio de uma banda supertalentosa composta por nove integrantes, dentre eles, músicos e backing vocals, Trucks e Tedeschi produziram um grande álbum. As doze faixas deste debut escancaram as principais influências da dupla, ou seja, muito blues, soul, rock sessentista e algumas pitadas de southern rock, gospel e até notas de música indiana (que Derek Trucks vira e mexe apresenta em seus trabalhos).

Difícil não ficar cativado pelo belo timbre vocal de Susan Tedeschi. Sua voz é forte, potente e doce ao mesmo tempo, e é impressionante como combina com a guitarra de Trucks, que mais uma vez capricha nos slides e sola com absurda precisão. Maior exemplo disso está na segunda canção do disco, a fantástica “Don’t Let Me Slide”, um blues de primeiríssima qualidade.

Baladas como “Midnight in Harlem” e “Until You Remember” dão um clima intimista, perfeito para aqueles momentos em que tudo o que você quer é relaxar ouvindo boa música. E faixas como “Ball and Chain”, “Learn How to Live” e “Love Has Something Else to Say” (onde Derek Trucks comprova seu talento vocal) mostram o que uma banda poderosa e muito bem conduzida pode fazer, seja no blues, ou no rock ‘n’ roll.

O mais legal desse disco é que todas as faixas são boas, fica difícil dizer que você gostou mais dessa ou da outra, ou que achou que uma era mais fraquinha que a anterior. Isso demonstra a linearidade e a perfeição de uma obra, na acepção da palavra.

Revelator estreou na décima segunda posição da parada Billboard 200 e é definitivamente  um álbum muito gostoso de ouvir. Trucks e Tedeschi capricharam. Apesar de ser meio piegas, podemos dizer que esse é mais um exemplo de um casamento de sucesso, tanto na vida como na arte. Ouçam, que vale à pena…
Track List:

1. Come see about me
2. Don’t let me slide
3. Midnight in Harlem
4. Bound for glory
5. Simples Things
6. Until you remember
7. Ball and chain
8. These walls
9. Learn how to love
10. Shrimp and grits
11. Love has something else to say
12. Shelter