BLACK COUNTRY COMMUNION

Esta é uma resenha um tanto quanto diferente, pois ao invés de falar sobre um cd específico eu apresentarei uma banda, ou melhor, uma superbanda, que em pouco menos de um ano já nos presenteou com dois álbuns imperdíveis.

O Black Country Communion é formado por Glenn Hughes, baixo e vocal (ex-Trapeze, Deep Purple e Black Sabbath); Joe Bonamassa, guitarra e vocais; Derek Sherinian, teclados (ex-Dream Theater e Billy Idol) e Jason Bonham, bateria (filho do ex-baterista do Led Zeppelin, John Bonham). Resumindo, só feras!

E o som dos caras é sensacional e é calcado no Hard Rock e no Blues Rock. O primeiro cd intitulado “Black Country” foi lançado em Setembro do ano passado e mostra um rock ‘n’ roll coeso, pesado e de um bom gosto invejável, muito superior ao que as bandas mais jovens andam fazendo. A performance de todos os músicos é empolgante: vocais caprichados (como de costume em se tratando de Glenn Hughes e porque não de Joe Bonamassa), riffs de guitarra certeiros, teclados sem afetações e uma perfeita combinação entre baixo e bateria. As vigorosas canções do debut são quase todas reflexo da parceria entre Hughes e Bonamassa.

Destaques para o primeiro single “One Last Soul”, uma bela música que conta com um ótimo solo de Bonamassa que mostra estar em constante evolução; “Down Again” (blues rock de primeira qualidade); “Sons of Yesterday”, uma das minhas prediletas e que conta com vocais de Bonamassa e combina com perfeição passagens mais suaves com o vigor do rock ‘n’ roll; “Medusa”, regravação de um clássico do Trapeze; e as arrasa-quarteirões “Stand (At The Burning Tree)”, onde Hughes realmente detona e “Sista Jane”, que além de mostrar o contraste entre os vocais de Hughes e Bonamassa conta com um refrão forte e grudento.    

Aproveitando o sucesso do primeiro álbum e a interminável (graças aos deuses do rock) inspiração e química entre os músicos a banda tratou logo de liberar seu segundo cd. Lançado há algumas semanas, “2” (tá certo, a criatividade sem fim das canções não foi a mesma para os títulos dos álbuns) é aquele mais do mesmo positivo, em que a gente aceita feliz e agradece. Não apresenta grandes diferenças do debut (apesar de eu gostar ainda mais desse novo álbum), o que nesse caso é muito bom. Talvez a única diferença seja um melhor aproveitamento dos teclados de Sherinian que deixam de ser pano de fundo para conduzir a melodia e o andamento de algumas faixas.

Difícil escolher as músicas que mais se destacam, afinal “2” é bastante linear. “The Outsider” é um excelente “abre-alas”; “Man In The Middle” (primeiro single) é poderosa e resume bem a competência coletiva da banda;  “The Battle of Hadrian’s Wall” e “No Ordinary Son” mostram que o guitarrista Joe Bonamassa também canta muito. “Save Me” é demais! Melhor faixa do cd e lembra bastante o bom e saudoso Led Zeppelin (os fãs do Zep vão chorar nessa canção). “Faithless” é uma semi-balada que é a cara de Glenn Hughes e “Crossfire” tem cara de Jam Session, onde todos mostram seu talento mais do que apurado. “Cold” fecha o cd da melhor maneira possível, deixando aquele gostinho de quero mais.

Resumindo, se você não conhece essa banda corra atrás porque é maravilhosa. Rock ‘n’ roll de verdade, muito bem tocado e  extremamente prazeroso de ouvir. Não perca. Fica a dica!

FAITH NO MORE – The Real Thing (1989)

Continuando a seção “Álbuns que marcaram uma geração”, trago agora uma das minhas bandas prediletas e que por curiosidade se apresentou junto com o Guns N’ Roses no  Rock in Rio 2, em 1991 (roubando a cena, por sinal), o Faith no More, e seu maior clássico, The Real Thing.

Lançado em 1989, The Real Thing é o primeiro disco da banda a ter Mike Patton nos vocais, acompanhando Jim Martin (guitarra), Billy Gould (baixo), Mike Bordin (bateria) e Roddy Bottum (teclados). Patton foi sem dúvida alguma o grande responsável por fazer deste álbum um enorme sucesso e de levar o FNM ao estrelato. Com razão, afinal The Real Thing é excelente e Patton além de muito carismático, é um verdadeiro showman. Quem já viu algum show deles sabe o que estou falando.

“From out of Nowhere”, umas das faixas mais famosas do grupo e primeiro single, abre o disco com tudo, mesclando pop com hard rock. Logo em seguida já temos o grande clássico do Faith No More, a mais do que perfeita e inesquecível “Epic”. Sim aquela do clipe do peixinho, como diria um amigo meu, imortalizado por uma MTV ainda no seu início (sim, a MTV já foi legal, passava clipes, inclusive). “Epic” resume bem o que é a banda, vocais beirando o rap/hip hop, guitarra, bateria e baixo pesados em plena sintonia e até um piano clássico de fundo para completar o molho. Completando a trinca de tirar o fôlego surge a alegre “Falling To Pieces”. Outra a ter um clipe extremamente bem feito e que mostra a banda fazendo o típico som californiano, classificado por muitos como funk metal (lembrando Red Hot Chilli Peppers dos bons tempos). Destaque absoluto para o baixo de Billy Gould. Outro clássico!

A quarta faixa do álbum “Surprise! You’re Dead!” é uma verdadeira porrada, uma das mais pesadas da carreira da banda (o batera Mike Bordin dá um show) e que contrasta com “Zombie Eaters” que chega logo na sequência apostando em um clima mais intimista, até soturno, mas que logo retoma o peso e a quebradeira. Nessa faixa Patton mostra todo seu talento misturando vocais agressivos, “rapeados” e suaves. A faixa título mantém o pique em seus mais de oito minutos e o refrão é sensacional. Musicalidade, agressividade, experimentalismo e talento acima da média.

Sétima faixa, “Underwater Love” mostra um Mike Patton “brincando” com sua voz, anasalada no começo e bem melódica do meio para o final. “The Morning After” tem uma introdução que lembra bastante “We Care a Lot” (única música de sucesso da banda com o vocalista original Chuck Mosely) mas talvez seja a faixa mais fraca do disco. “Woodpeck from Mars” é instrumental e mistura o peso tradicional da banda com sons indianos e progressivos. A penúltima música é uma cover honesta e muito bem feita de “War Pigs” do Black Sabbath. “Edge of the World” fecha o álbum com um pouco de calmaria. Baladaça sem guitarras, com uma pegada de jazz e com direito a estalar dos dedos.

The Real Thing é um álbum inesquecível e que tornou o Faith No More conhecido e respeitado, garantiu uma extensa turnê ao lado do Metallica, além de um prêmio Grammy e muitos discos vendidos em todo o mundo. Imperdível!

 Tracklist:

  1. From Out of Nowhere
  2. Epic
  3. Falling to Pieces
  4. Surprise! You´re Dead!
  5. Zombie Eaters
  6. The Real Thing
  7. Underwater Love
  8. The Morning After
  9. Woodpecker From Mars
  10. War Pigs (Black Sabbath cover)
  11. Edge of the World

Epic – YouTube

GUNS N’ ROSES – Appetite for Destruction (1987)

Ta aí um disco que marcou toda uma geração e fez muita gente começar a gostar de rock ‘n’ roll. Difícil não ser fã de Appetite for Destruction, um dos álbuns mais populares da história da música pesada, que vendeu e, ainda vende, horrores e que catapultou o Guns ao sucesso mundial.

Axl Rose (vocal), Izzy Stradlin (guitarra), Slash (guitarra), Duff McKagan (baixo) e Steven Adler (bateria) eram meros desconhecidos na cena californiana em 1987, entretanto o lançamento de um disco acima da média, somado ao patrocínio do poderoso David Geffen, dono da Geffen Records, e a aproximação da MTV com o hard rock e o heavy metal foram decisivos para a criação de um mito.

E o disco merece todo respeito e reconhecimento que teve e ainda tem. É empolgante desde a primeira faixa, o clássico “Welcome to the Jungle”, que abre os trabalhos de forma perfeita, com peso do começo ao fim. Impossível esquecer de Axl berrando a introdução “You know where you are? You´re in the jungle baby!”. Um verdadeiro hino! Segunda faixa, “It’s So Easy” é uma das minhas prediletas, hard rock de primeira e que faz parte do setlist de todos os shows solo de Slash ou com sua banda pós-Guns, o Velvet Revolver. Sem deixar a peteca cair, “Nightrain” mostra riffs sensacionais de Slash, com uma pegada quase heavy metal. Os fãs tem um carinho especial por essa faixa.

“Out Ta Get Me” é uma parceria entre Axl e o excelente guitarrista Izzy Stradlin (que tanto faz falta a banda), e “Mr. Brownstone”, outra predileta da casa, se destaca pelo refrão pegajoso. Sexta faixa, “Paradise City” é outro grande hino do rock. Canção favorita de Slash, é presença garantida em todos os shows da banda, quase sempre no bis, como ocorreu em toda a turnê dos discos Use Your Illusion e Chinese Democracy.   

Na sequência “My Michelle” mostra um flerte da banda com o punk rock e “Think About You” de autoria de Izzy é aquele tipo de canção “mais alegrinha” que alterna melodias mais leves com os agudos de Axl. A nona faixa é outro momento marcante, “Sweet Child O’ Mine”, uma semi-balada que todo mundo canta junto, seja num show ou quando a ouvimos no rádio. E quem não se lembra do vídeo clipe onde Axl eternizou sua famosa e sempre copiada dancinha. Talvez o maior sucesso da banda.

 “You’re Crazy”, “Anything Goes” e “Rocket Queen” fecham o álbum. As duas primeiras são típicos hard rocks californianos, com guitarras sujas e encorpadas e a última mostra um Guns mais pesadão e sacana (a música fala de uma ex-namorada do vocalista e alguns gemidos femininos são ouvidos ao fundo). Resumindo, um grande disco de uma banda que nunca deveria ter se separado, porém os egos gigantes sempre jogaram contra, separando Axl do resto do grupo.

Bom, deixa eu acabar essa resenha porque fiquei com vontade de escutar pela enésima vez esse clássico. Aproveite e faça o mesmo, pois não irá se arrepender. Garanto!

Tracklist:
1. “Welcome to the Jungle”
2. “It’s So Easy”
3. “Nightrain”
4. “Out Ta Get Me”
5. “Mr. Brownstone”
6. “Paradise City”
7. “My Michelle”
8. “Think About You”
9. “Sweet Child O’ Mine”
10. “You’re Crazy”
11. “Anything Goes”
12. “Rocket Queen”

Sweet Child O\’ Mine – YouTube