A segunda parte do Rock in Rio começou na quinta-feira com um show no mínimo emocionante. Remanescentes da Legião Urbana, Orquestra Sinfônica Brasileira e os convidados Dinho Ouro Preto, Pitty, Herbert Viana, Rogério Flausino e Toni Platão fizeram uma homenagem mais do que merecida ao saudoso Renato Russo com dez super clássicos do rock nacional. Maravilhoso. Em seguida, a cantora Janelle Monáe fez outra boa apresentação com muito soul e funk, com direito a covers de Prince e Jackson Five. O pop voltou à tona com a “forçada” Ke$ha, e fez a alegria de alguns fãs e como não sou um deles fiquei na expectativa da atração seguinte. Os britânicos do Jamiroquai mandaram bem como sempre. Eles são muito bons, mas senti falta de algumas músicas famosas da banda como “Space Cowboy” e “Virtual Insanity”. A lenda Stevie Wonder fechou a noite com um show repleto de clássicos e algumas surpresas como alguns pedaços de “Garota de Ipanema” cantada com a ajuda da filha e “Você Abusou”. Foi uma apresentação contagiante e quem assistiu in loco ou pela TV certamente ficou muito satisfeito.
A quinta noite do festival (na minha opinião a mais fraquinha) teve logo de cara três apresentações de artistas nacionais: Marcelo D2, Jota Quest e Ivete Sangalo. Confesso que dispensei as duas primeiras e vi algumas partes da rainha do axé. Ivete Sangalo é ótima naquilo que se propõe a fazer, possui carisma de sobra e preparou em setlist com sucessos e covers de Tim Maia (“Não Quero Dinheiro, Eu só Quero Amar”) e The Comodores, a onipresete “Easy”, além de “More than Words” do Extreme. O povo se divertiu bastante. Única atração com cara de rock, Lenny Kravitz, ficou parecendo um peixe fora d’água. Outro prejudicado pela “desorganização” do evento. Deveria ter tocado na noite anterior. Lenny fez um bom show, mas um tanto quanto frio. O público só demonstrou alguma reação nas músicas mais famosas. Uma pena. Atração mais esperada da noite, a colombiana Shakira colocou todo mundo para dançar com seus maiores hits. Além disso, chamou Ivete Sangalo para participar do bis com uma versão de País Tropical de Jorge Benjor.
A penúltima noite do festival começou com um ótimo show do Frejat. Muito bom ouvir músicas do Barão Vermelho, canções da carreira solo do antigo parceiro de Cazuza e algumas covers muito bem selecionadas, como “Ainda é Cedo” da Legião. Com a platéia já bastante aquecida os mineiros do Skank mantiveram o clima “lá em cima” com a mesma aposta de mostrar as músicas mais famosas e puxar o público para cantar junto. Primeiros gringos da noite, os mexicanos do Maná foram bem, esbanjaram simpatia e boas melodias. O Maroon 5, banda que tive a oportunidade de assistir em 2008, sempre faz ótimos shows. Os caras são muito bons ao vivo e o público do Rock in Rio pode comprovar isso. Bela apresentação. Certamente surpreenderam muita gente. Donos da noite, os inglesess do Coldplay ousaram em tocar sete (!) músicas do disco novo, Mylo Xyloto, que nem saiu ainda, deixando de lado algumas músicas obrigatórias como “Trouble”, “Speed of Sound” e “The Hardest Part”, mas a banda entrou com o jogo ganho e foi ovacionada, especialmente em clássicos como “Viva La Vida” que ganhou altos coros, ‘Yellow”, “The Scientist”, dentre outras. Chris Martin provou ser um excelente frontman e o Coldplay agradou todo mundo (até minha mãe gostou!).
Última noite de Rock in Rio, infelizmente. Os brasileiros Detonautas e Pitty abriram os trabalhos e conseguiram animar os presentes, apesar de alguns problemas no som, especialmente no show da cantora baiana. Coincidência ou não as duas bandas homenagearam o Nirvana com trechos de “Smells Like Teen Spirit”. Legal saber que o povo brasileiro tem tido mais paciência e principalmente respeito com os artistas nacionais. Na sequência vieram os americanos do Evanescence, que assim como o Coldplay resolveram apresentar várias músicas do novo Cd que ainda não saiu (fato esse que não concordo muito, afinal é um festival e acaba sendo um risco grande para uma banda que não é a principal da noite). Amy Lee canta bem e é muito carismática, e a nova formação da banda parece bastante afiada. Foi bom, mas não empolgou. O povo vibrou mesmo com a bela versão de “My Immortal” e com a saideira “Bring me to Life”, grandes clássicos da banda. O System of a Down veio em seguida e quebrou tudo. A banda é uma das melhores coisas que surgiram no rock/metal mundial nos últimos tempos. Criativos como ninguém eles cativaram e hipnotizaram a platéia do começo ao fim das 28 músicas e deixaram uma baita responsabilidade para Axl e Cia. O Guns (ou seria uma banda cover?) fechou o evento após uma verdadeira tempestade que caiu no RJ e sinceramente não empolgou, com pouca inspiração e desentrosamento entre a banda. Ela ainda diverte em clássicos como “Sweet Child O’ Mine” e “Paradise City”, mas Axl está evidentemente sem o pique de outrora e que me perdoem os fanáticos, mas o guitarrista Slash faz muita falta. O show acabou as cinco da manhã com público e Axl bem cansados.
Não foi o melhor final para o Rock in Rio, ficou mais naquela mística do Guns do passado. No geral foi um excelente evento com muita diversidade e shows que ficarão na memória de todos por muito tempo. Que venha o Rock in Rio 2013! Esperaremos ansiosamente!