Assistir a um show do Lynyrd Skynyrd no Brasil era quase que uma utopia, um sonho impossível e inviável para nós fãs da banda, afinal, é notório que os caras evitam sair dos Estados Unidos. Porém, o festival SWU conseguiu a incrível e surpreendente proeza de trazer a lenda do southern rock para o Brasil e, assim, realizar o sonho de muita gente.
Antes de falar sobre o show é importante dizer que o Lynyrd Skynyrd não é uma banda de rock comum. Na verdade, podemos dizer que ela é uma instituição do rock sulista norte-americano, e porque não do rock em geral. O respeito e o carinho que a banda tem é impressionante. E é por isso que mesmo após a perda de praticamente todos os integrantes, inclusive do líder, o vocalista e fundador Ronnie Van Zant, a banda continua viva, mantendo seu legado e ganhando cada vez mais fãs, dentro e fora de sua terra natal.
Tudo isso ficou evidente na segunda noite do SWU. Para minha surpresa, a quantidade de fãs com a camiseta da banda, chapéus e bandeiras dos confederados era enorme. Até pessoas com a cara pintada com a referida bandeira podiam ser encontradas. A espera foi enorme até o início do show, mas plenamente compensada e com gostinho de “quero mais”. A banda entrou no palco ao som de “Working for MCA” levando o público à loucura. Muito legal ver a cara de espanto do vocalista Johnny Van Zant, que certamente não esperava a reação de um público tão apaixonado fora dos EUA. E por falar em Johnny, como canta o homem. Além disso, comanda a plateia com maestria, mostrando ser um excelente frontman. Onde quer que esteja, Ronnie deve estar extremamente orgulhoso do irmão mais novo.
Apesar de curto, o setlist apresentou vários clássicos como “I Ain’t the One”, “What’s Your Name”, “Down South Jukin’”, “That Smell”, “Gimme Three Steps” e “Call me the Breeze” (cover de JJ Cale imortalizado pelo Skynyrd), além da nova “Skynyrd Nation” que mostrou que a banda não vive só do passado e que ainda tem muita lenha para queimar. E a performance dos músicos foi muito boa. Destaque para o trio de guitarras comandadas por Gary Rossington, único membro original do grupo, e Rickey Medlocke, líder do Blackfoot, outra banda clássica do southern americano e que está de volta à banda, após breve passagem na década de setenta como baterista.
Mas, sem dúvida alguma, os momentos mais emocionantes ficaram reservados para os três maiores hinos da banda: “Simple Man”, “Sweet Home Alabama” e “Free Bird”. A maravilhosa balada “Simple Man” veio no momento em que a chuva mais castigava e colocou todo mundo para cantar. Só não cantou quem estava chorando. E olha que muita gente se emocionou de verdade nesta hora, chegando a soluçar de tanto chorar. Confesso que o nó na garganta me fez parar de cantar em alguns trechos. A comoção foi ainda maior em “Sweet Home Alabama”, música mais famosa da banda, e que contou com um potente coral feito pelo público, o que certamente espantou os americanos. Impressionante o poder que essa música tem. Todo mundo conhece e gosta dela!
“Free Bird” veio no bis e encerrou o concerto de forma apoteótica. O que falar desta épica canção? Doze minutos de perfeição, misturando melodia, peso e muito feeling. Resumindo: uma verdadeira e arrepiante obra-prima! Claro que o público veio abaixo e Van Zant e Cia saíram ovacionados, após sua primeira experiência na América do Sul. Caminho mais do que aberto para que o grupo retorne ao Brasil mais vezes e com sucesso garantido.
Única crítica: bem que o setlist poderia ter sido um pouco maior e de preferência incluindo a fantástica balada “Tuesday’s Gone”. Mas, valeu muito à pena ficar dez horas em pé em baixo de chuva para ver de perto (bem perto mesmo!) uma de minhas bandas prediletas em um show histórico. Obrigado Lynyrd Skynyrd!!! Obrigado SWU!!! Sonho realizado!
Setlist:
1- “MCA”
2- “I ain’t the one”
3- “Skynyrd nation”
4- “What’s your name”
5- “Down south jukin'”
6- “That smell”
7- “Same old blues”
8- “I know a little”
9- “Simple man”
10- “T for Texas”
11- “Gimme three steps”
12- “Call me the breeze”
13- “Sweet home Alabama”
14- “Free bird”