CREED – Credicard Hall/SP – 25/11/2012

Crédito foto: Manuela Scarpa / Foto Rio News

Nunca escondi de ninguém meu apreço pela banda norte-americana Creed. Pós-grunge, Gospel, cópia do Pearl Jam (pois é, tem gente que diz isso)… Independentemente do rótulo a banda é muito legal e ao vivo é melhor ainda, conforme pude atestar no último domingo em São Paulo.

Utilizando como base para o show os dois primeiros álbuns de estúdio, My Own Prision com cinco músicas (“Torn”, “Unforgiven”, “My Own Prison”, “What’s This Life For?” e “One”) e Human Clay com oito (“Are You Ready?”, “Wrong Way”, “What if”, “Beautiful”, “Say I”, “Faceless Man”, “Higher” e “With Arms Wide Open”), o Creed mostrou ser bem poderoso ao vivo.

Scott Stapp é um ótimo front man. Sabe muito bem conduzir a plateia, mostra carisma e seu vocal é forte o suficiente para chamar a atenção. Além disso, Mark Tremonti é um tremendo guitarrista e exprime um peso extra às músicas ao vivo. A cozinha formada pelo baterista Scott Philips e pelo baixista Brian Marshall é bastante segura. Sem contar com o guitarrista de apoio Eric Friedmann, que além de dividir os solos em algumas músicas com Tremonti, é responsável pelas partes acústicas e backing vocals.

O repertório foi muito bem escolhido, especialmente para os fãs dos dois primeiros trabalhos, e a mescla entre baladas e canções mais pesadas foi bem feita. Praticamente todos os sucessos estiveram presentes. Mesmo assim, acho que ficou faltando uma ou outra música do último cd dos caras, Full Circle (só tocaram a bela balada “A Thousand Faces”) além de duas baladas que particularmente eu gosto muito “Inside Us All” e “Don’t Stop Dancing”.

Tudo bem que em um dado momento o lado gospel aparece um pouco mais acentuado graças a uma “pregação” ou outra, seja através de letras de evidente cunho cristão ou através de gestos ou discursos de Stapp, porém, no final das contas isso pouco importa. O que fica é o talento indiscutível da banda, seja para criar ótimas músicas (“My Sacrifice” fecha o show de forma sensacional), seja para fazer as quase duas horas de show passarem rapidinho, rapidinho. Prova essa contumaz de que o show foi bom demais!

Espero que a banda supere de uma vez por todas as brigas internas, os problemas de saúde de Stapp e a vontade de Tremonti em ter diversos projetos paralelos para assim gravar outros bons trabalhos e voltar ao Brasil para brindar os fãs com outras belas apresentações.

Setlist:

1 – Are You Ready?

2 – Torn

3 – Wrong Way

4 – What If

5 – Unforgiven

6 – My Own Prison

7 – A Thousand Faces

8 – Bullets

9 – Beautiful

10 – Say I

11 – Faceless Man

12 – What’s This Life For?

13 – One

14 – Higher

Bis:

15 – With Arms Wide Open

16 – One Last Breath

17 – My Sacrifice

 

SIOS – Halcyon Failure (2012)

Não é só de Dream Theater, Threshold ou Pain of Salvation que vive o metal progressivo mundial! Boa notícia para quem curte este estilo mais, digamos, caprichado do metal. Essa foi constatação que tive ao ouvir o cd de estreia da banda de New Jersey/EUA, SIOS.

Halcyon Failure é um álbum bastante inovador, eclético acima de tudo, mas surpreendentemente legal. Confesso que me diverti muito ouvindo essa obra. Digo obra, pois muitos rotulam estes americanos como participantes do chamado Art Rock, algo que mistura ficção à música, criando efeitos, distorções e principalmente variações bem malucas em uma mesma canção. Guardadas as devidas proporções algo bastante semelhante ao que os suecos do Pain of Salvation, do gênio (ou seria louco?) Daniel Gildenlow, fazem.

Tudo bem, para muitas pessoas (acho que para a maioria) o SIOS pode parecer bem entranho. Tá bom… É estranho, mas é bem interessante. Algumas músicas são realmente empolgantes e misturam peso com técnica de forma bastante eficiente. Ouça “Lost in Wonderland” ou os treze minutos da terceira parte da mini-obra “Halcyon Failure III: The Search for Duende” e ateste. Além disso, preste atenção no refrão e solos de “Xi: Witness to What?” ou “Halcyon Failure I: Where the Change Grows”. Viagem das boas!

Além das doideiras habituais a banda consegue ser suave e atmosférica como ninguém. A semi-balada “The Walls of Morado” é sensacional! Já a linda balada “Heaven” é outro ponto alto. Os caras estavam muito inspirados quando criaram esta música. Ponto mais do que positivo para os músicos: Philip “Dice” Defreitas (baixo e vocal), Christian “Enigma” Cruz (guitarra), April Copes (guitarra) e Gabriel Scholis-Fernandez (bateria). Só para constar, a introdução “Duo Vigilans Finem” me lembrou muito, mas muito mesmo Savatage…

Acho que a palavra que melhor resume este disco seja intrigante. É um som difícil de assimilar, mas que cativa o ouvinte, principalmente se este estiver ávido por novidades fora dos padrões habituais e acima de tudo tiver o discernimento de aceitar a perfeita simbiose entre peso, qualidade musical e improvisações. No site oficial dos caras eles afirmam quererem quebrar barreiras. Acho que estão no caminho certo. Confira, vale à pena!

Tracklist:

1. Duo Vigilans Finem
2. The Garden of Shades
3. Karmatic
4. Xi: A Witness to What?
5. Pyreflies
6. Lost in Wonderland
7. The Walls of Morado
8. Heaven
9. Inside the Tides
10. The Evil in Us
11. Halcyon Failure I: Where the Change Grows
12. Halcyon Failure II: Confusion of Certainty
13. Halcyon Failure III: The Search for Duende