Sim, após um hiato de 16 anos, a banda de Seattle volta com novo álbum, mantendo o mesmo entrosamento responsável por criar clássicos definitivos daquilo que outrora ficou mundialmente conhecido como grunge.
Dentre as estrelas do grunge, o Soundgarden sempre foi o preferido por apreciadores do Heavy Metal e por muitos críticos musicais. Talvez por beber da mesma fonte de ótimas bandas de rock clássico como Led Zeppelin ou por apresentar uma ou outra referência mais pesada e “arrastada” de Black Sabbath (especialmente no começa da carreira). Sem contar, é claro, com o talento do ótimo vocalista Chris Cornell, do excelente guitarrista Kim Thayil e da competente cozinha formada pelo baixista Bem Shepherd e pelo baterista Matt Cameron (hoje também no Pearl Jam). Independente disso, a banda sempre foi muito competente e agora está de volta com um bom álbum de inéditas, King Animal.
Como forma de comparação, o novo disco está mais para o último Down on the Upside do que para os meus prediletos Superunknown e Badmotorfinger (o melhor de todos). Existe um pouco mais de experimentalismo e psicodelismo do que peso. Cornell continua competente, mas seu alcance vocal já não suporta mais tanta agressividade e aqueles rasgados característicos que tanto agradavam em hinos como a inesquecível “Outshined”.
Faixa de abertura, primeiro single, e grande destaque de King Animal, “Been Away For Too Long” aposta nos ótimos riffs de Thayil e nas mudanças de ritmo. O título é bastante significativo, afinal foram muitos anos de espera pela volta da banda. Excelente começo. A faixa seguinte “Non-State Actor” também é bem legal. Cornell solta alguns gritos em meio a boas melodias e ótimas transições. Segundo single, “By Crooked Steps” é mais arrastada e lembra bastante faixas do início da carreira da banda. Já “A Thousand Days Before” é aquela faixa que mostra clara influência de sons antigos e, digamos, bem “Led Zepellianos”.
A densa “Blood on the Valley Floor” é outra que faz uma visita aos princípios da banda, onde psicodelismo e aquelas levadas pesadas e arrastadas se destacavam. “Bones of Birds” é mais calma e poderia muito bem estar presente nos últimos dois álbuns da banda. “Taree” é outra canção mais suave e com um andamento de guitarra bem interessante e que gruda na sua cabeça por um bom tempo. “Atrition” retoma a agressividade lembrando algo de punk rock aqui ou ali e, é a mais curta do álbum, enquanto “Black Saturday” aposta do intimismo e nas levadas mais acústicas.
“Halfway There” é a canção mais pop do disco. Semi-acústica, a faixa tem mais relação com a carreira solo do vocalista. “Worse Dreams” mostra o bom entrosamento baixo / bateria, mas é aparentemente a mais fraca do disco. Penúltima faixa, “Eyelids Mouth” comprova o talento de Chris Cornell, especialmente no refrão onde sua voz ganha alguns efeitos fazendo uma boa mescla com os vocais limpos. “Rowing” fecha o lançamento de forma muito interessante. Uma faixa bastante diferente do que a banda costuma fazer, com passagens de bateria eletrônica, guitarras entrelaçadas, e muito experimentalismo.
King Animal definitivamente não é um clássico. Não existem hits consagrados e ainda sinto falta de um pouco mais de peso da época de Badmotorfinger, mas é um bom disco que mostra o porquê do Soundgarden ser tão cultuado. Espero que não existam mais separações e que Cornell cumpra o que prometeu no último festival SWU onde prometeu que voltaria ao Brasil agora com a banda. Em tempos onde a péssima música impera, ouvir um novo trabalho de Cornell & Cia é sempre uma bênção! Confira!
Tracklist:
01. Been Away Too Long
02. Non-State Actor
03. By Crooked Steps
04. A Thousand Days Before
05. Blood On The Valley Floor
06. Bones Of Birds
07. Taree
08. Attrition
09. Black Saturday
10. Halfway There
11. Worse Dreams
12. Eyelid’s MOuth
13. Rowing