Sin-Atra – A Metal Tribute to Frank Sinatra

Algum dia você imaginou que artistas de Hard Rock e Heavy Metal pudessem fazer versões de Frank Sinatra? E ainda mais, que esses clássicos pudessem ficar no mínimo interessantes? Pois é, foi pensando nisso que o veterano guitarrista Bob Kulick convidou alguns amigos para lançar um tributo ao “Mr. Blue Eyes”.

Sin-Atra, reúne doze clássicos de Frank Sinatra interpretados por um time da pesada, que conta, dentre outros, com Glenn Hughes, Geoff Tate (Queensryche), Dee Snider (Twisted Sister), Eric Martin (Mr. Big) e Jani Lane (Warrant). Os cantores são acompanhados por uma banda igualmente competente composta por Bob Kulick; Billy Sheehan (baixo); Brett Chassen (bateria) e Doug Katsaros (teclados, orquestrações). Além da participação especial do guitarrista Ritchie Kotzen no solo de “That´s Life”.

Alguns poderão achar um sacrilégio (a versão de New York, New York de Devin Townsend que abre os trabalhos dói um pouco), mas os roqueiros vão gostar deste tributo. A versão de Glenn Hughes para “I’ve Got You Under My Skin” ficou muito legal, assim como “Summerwind” com Geoff Tate. Dois vocalistas fantásticos que souberam usar seus vozeirões sem afetações. Outro que mandou bem foi o vocal do Twisted Sister, Dee Snider, com sua versão pesadona de “It Was a Very Good Year”, talvez a melhor do disco, e que conta com um excelente solo de guitarra de Kulick e algumas passagens “chupadas” de Kashmir do Led Zeppelin.

Eric Martin, do Mr. Big, é outro destaque, conseguindo mostrar seu talento em uma versão bastante correta de “Lady is a Tramp”. E Joey Belladona do Anthrax reconstruiu “Strangers in the Night” de forma bastante interessante e surpreendente. Gostei. O álbum fecha com uma honesta versão de “That’s Life”, cantada pelo antigo vocalista do Warrant, Jani Lane, onde o excelente guitarrista Ritchie Kotzen mostra mais uma vez que é um dos melhores músicos da atualidade.

Como ocorre em todo tributo, algumas faixas se destacam mais do que outras e algumas versões acabam ficando meio estranhas se ficarmos pensando na original, portanto, esqueça a original e aprecie esse trabalho que surpreende em alguns momentos. Vale à pena dar uma escutada, sem preconceitos! Agora se você é muito, muito fã de Frank é melhor não correr riscos…

Tracklist Completo:
01. New York, New York (Devin Townsend, ex-Steve Vai)
02. I’ve Got You Under My Skin (Glenn Hughes, Ex- Black Sabbath, Deep Purple, etc.)
03. Summerwind (Geoff Tate, Queensryche)
04. It Was A Very Good Year (Dee Snider, Twisted Sister)
05. Witchcraft (Tim “Ripper” Owens, ex-Judas Priest)
06. Fly Me To The Moon (Robin Zander, Cheap Trick)
07. Lady Is A Tramp (Eric Martin, Mr. Big)
08. I’ve Got The World On A String (Doug Pinnick, King’s X)
09. Love And Marriage (Elias Soriano, Nonpoint)
10. Strangers In The Night (Joey Belladonna, Anthrax)
11. High Hopes (Franky Perez, Scars on Broadway)
12. That’s Life (Jani Lane, ex-Warrant)

IMPÉRIA – Em Dias Assim

Atualmente o mercado do rock nacional passa por grande crise de identidade e principalmente de qualidade. Porém, de vez em quando aparece alguém que salva a pátria e faz com que voltemos a ter esperanças na música brasileira. Esse é o caso da banda Impéria.

Formada em 1996, a banda paulistana que conta com os irmãos Felippe (guitarra) e Flavius Deliberalli (bateria), o primo Marcio Deliberalli (vocal) e Ricardo Ueno (baixo) acabou de lançar seu primeiro CD “Em Dias Assim”, produzido pelo guitarrista do Barão Vermelho, Fernando Magalhães.

Através de suas dez faixas, a banda Impéria apresenta um rock ‘n’ roll muito bem trabalhado, flertando com o Hard Rock e até Heavy Metal, graças principalmente aos inspirados e pesados riffs de guitarra e às levadas diretas e encorpadas que são muito bem distribuídas em faixas como “Guerra Sem Sentido”, “Em Dias Assim”, “Alta Voltagem” e “Trilhas Abertas”. Além disso, a banda consegue dosar peso e melodia na medida certa, como podemos comprovar em “O Povo do Caos” e “Dias de Paz”, esta última que conta com a participação de Magalhães na guitarra.

Outro diferencial da banda está nas letras. Diferentemente de 90% do que ocorre no cenário nacional, e fugindo das mesmices, a Impéria investe em letras inteligentes e atuais, que se preocupam em dizer alguma coisa e não apenas vociferar palavras sem sentido. Ponto mais do que positivo para a banda.

Se quiser ter um bom exemplo do que o grupo é capaz de fazer vá até a faixa nove “Eu Sou o Que Eu Sou” e comprove a qualidade da banda. Um dos destaques do álbum (minha predileta), a faixa permite que todos os músicos mostrem sua competência, desde o comecinho com um belo solo de baixo que logo se emenda a uma passagem furiosa de bateria, vocais caprichados e guitarras sempre muito bem utilizadas durante toda a canção.  Isso tudo sem contar o belíssimo refrão.

Aproveitando um pouco a capa do CD, podemos afirmar que sim, ainda existe uma luz no final do túnel para o rock nacional e essa estreia da banda Impéria comprova isso. Ficamos aqui na torcida para que a banda consiga cada vez mais espaço no combalido cenário nacional para mostrar seu talento e, esperamos ansiosamente por outros trabalhos de qualidade como este “Em Dias Assim”.

Faixas:

  1. K-Otica (introdução)
  2. Guerra Sem Sentido
  3. Em Dias Assim
  4. O Povo do Caos
  5. Alta Voltagem
  6. Dias de Paz
  7. Nova Terra (instrumental)
  8. Trilhas Abertas
  9. Eu Sou o Que Eu Sou
  10. Eu Sou o Que Eu Sou – Sole Novum

PEARL JAM – Live on Ten Legs

Fazer uma resenha de sua banda predileta é muito difícil, especialmente quando se trata de um disco ao vivo comemorativo que deveria trazer todas aquelas músicas que você fez questão de decorar letra e melodia. Bom, mesmo assim vamos tentar…

Live on Ten Legs comemora os vinte anos do lançamento do sensacional debut da banda, “Ten”, o disco que mais ouvi na vida. E para celebrar essa grande estréia, o Pearl Jam lançou mais um álbum ao vivo (sim a banda deve ter uns duzentos) tentando retratar toda sua prolífica carreira.

E não há come negar, a banda de Seattle é impressionante ao vivo. Os guitarristas Mike McCready e Stone Gossard dão show, Jeff Ament (baixo), Matt Cameron (bateria) e Boom Gaspar (teclados) são extremamente competentes, mas é o vocalista Eddie Vedder quem se rouba a cena. E não tem como ser diferente, carismático e afinado, o ex-surfista é a alma da banda e um baita vocalista.

Em Live on Tem Legs a banda tentou montar um set list equilibrado, com todas as fases da carreira, dando suporte especial ao cd mais recente, Backspacer, que possui quatro faixas neste álbum: o single “The Fixer”, a ótima “Just Breathe” (ficou linda ao vivo), “Got Some” e “Unthought Known”.

E imagino como deve ser difícil para a banda criar um setlist, afinal são muitas músicas indispensáveis, e claro que algumas das prediletas de um ou outro acabam de fora. E neste cd não é diferente. Confesso que fiquei frustrado em não encontrar “Black” (minha favorita) e “Even Flow” do saudoso Ten, alem de outras como “Betterman”, “Daughter”, “Crazy Mary”, dentre outras.

Mas mesmo assim, essa compilação de faixas gravadas em diversos lugares do mundo entre 2003 e 2010 é sensacional. “Animal”, “World Wide Suicide”, “Rearviewmirror” e “Spin the Black Circle” garantem a agitação. As indefectíveis e necessárias “Jeremy”, “Alive”, “Porch”, “State of Love and Trust” e Yellow Ledbetter” (sempre utilizada pela banda para fechar os shows) estão lá competentes como sempre, bem como as brilhantes  “I Am Mine” e “Nothing as it Seems”. E claro que não faltam os momentos “isqueiro para o alto” com as baladas “In Hiding” e a já citada “Just Breathe” . Além disso, o PJ ainda tem tempo de homenagear algumas de suas influências com covers de Joe Strummer (ex-vocal do The Clash) com “Arms Aloft” , e “Public Image” da banda britânica PiL, do vocalista John Lydon, do Sex Pistols.

Live on Ten Legs não é um Best of como muitos afirmaram que seria, mas é um ótimo e honesto cd, de uma das bandas que melhor sabem fazer um show ao vivo, afinal quem não lembra dos épicos show realizados no Brasil no final 2005?

Ah… e para terminar, diz a lenda que a banda já tem algumas datas em Novembro deste ano reservadas para um retorno ao Brasil. Vá guardando dinheiro e nos vemos nos shows!
Set list:
1. Arms Aloft
2. World Wide Suicide
3. Animal
4. Got Some
5. State of Love And Trust
6. I Am Mine
7. Unthought Known
8. Rearview Mirror
9. The Fixer
10. Nothing As It Seems
11. In Hiding
12. Just Breathe
13. Jeremy
14. Public Image
15. Spin the Black Circle
16. Porch
17. Alive
18. Yellow Ledbetter

Pearl Jam performing Just Breathe.

JOE BONAMASSA – Dust Bowl

Quem não gosta de um bom blues rock? Ainda mais quando feito por um excelente guitarrista e vocalista que bebeu bastante na fonte de ícones como Stevie Ray Vaughn, Jeff Beck, Eric Johnson e Gary Moore.

O recém-lançado Dust Bowl, comprova o talento deste norte-americano de 33 anos. Seu décimo segundo álbum mostra muito bom gosto em 12 faixas que além do blues rock ainda apresenta temas mais pesados, classic rock, algumas baladas e um flerte com a country music. Destaque para a produção caprichada do badalado Kevin Shirley (responsável por discos de Led Zeppelin, Aerosmith, The Black Crowes, dentre muitos outros).

O novo álbum traz as participações especiais do veterano cantor John Hiatt na faixa “Tennessee Plates” do próprio Hiatt; do cantor country Vince Gill em “Sweet Rowena”, música de autoria de Gill; e do baixista e vocalista Glenn Hughes ex-Deep Purple e ex-Black Sabbath, e atual companheiro do guitarrista na superbanda Black Country Communion (que recentemente lançou seu primeiro e ótimo cd) na releitura de “Heartbreaker”, escrita pelo vocalista do Bad Company, Paul Rodgers.

E “Heartbreaker” é um dos momentos altos de Dust Bowl. A versão ficou maravilhosa, e o dueto entre Bonamassa e Hughes é empolgante. Sou suspeito em falar do mestre Glenn Hughes, parece que tudo em que ele põe a mão, ou melhor a voz (e o baixo) dá certo, muito certo. Além disso, também merecem destaque a faixa título; “The Meaning of the Blues” que possui um solo de guitarra inspiradíssimo; “Black Lung Heartache” e “No Love on the Street” que mostram que Bonamassa além de mandar bem na guitarra ainda possui um belo vocal; e a bela versão da balada “Prisoner” (música que já foi gravada por Barbara Streisand) cujo refrão me fez ouvir a canção várias vezes seguidas, sem cansar.

Apesar de criticado por muitos por não ser um compositor original ou criativo (o que definitivamente eu não concordo), Joe Bonamassa é extremamente competente no que faz, não cansa de ganhar prêmios como melhor guitarrista dessa ou daquela revista especializada e lançar grandes álbuns como este Dust Bowl. Bonamassa é sim um dos grandes nomes do Blues Rock mundial da atualidade. Vale à pena dar uma conferida em seu novo trabalho e depois correr atrás de seus outros discos solo ou de sua nova banda, Black Country Communion.

WHITESNAKE – Forevermore

Nunca escondi de ninguém que meu estilo predileto dentro do rock ‘n’ roll é o Hard Rock. Não há como negar que é bem legal aquelas bandas formadas por caras que abusavam (uns ainda abusam) do laquê e que sempre vinham com uma ou outra balada, brega sim, porém sensacional. Dentre esses grupos um que sempre fiz questão de ir atrás dos cd´s é o Whitesnake, de David Coverdale.

A veterana banda britânica acabou de lançar seu mais recente álbum de estúdio, Forevermore, que em linhas gerais é bastante semelhante a seu anterior, Good to Be Bad. Ainda temos aquela veia Blues de antigamente (claro que menos acentuada do que era na década de 70 e 80) e as baladas potentes (entretanto, muito menos melosas do que as famosas “Is This Love?”, “Here I Go Again”, ou “The Deeper The Love”), porém o grande destaque do disco é o excelente trabalho dos guitarristas Doug Aldrich e Reb Beach que deixaram Forevermore bastante pesado e com excelentes solos. Dupla esta que em nada deve aos antigos guitarristas do grupo (leia-se John Sykes, Adrian Vandenberg e Steve Vai).

Também não podemos deixar de citar a competência habitual de Mr. Coverdale, que mesmo não atingindo os agudos de outrora, consegue dosar sua voz com perfeição, fazendo mais uma vez um grande trabalho tanto nas músicas mais pesadas quanto nas mais lentas. Sua atuação em “Whipping Boy Blues” é fantástica!

A cozinha renovada formada pelo experiente batera Brian Tichy e pelo baixista Michael Devin não compromete em nenhum momento, muito pelo contrário. Por falar em Tichy, esta foi uma excelente aquisição para o grupo, afinal, sempre foi eficiente e está acostumado a trabalhar com feras como Ozzy Osbourne, Zakk Wylde, Glenn Hughes e Slash, dentre outros.

Forevermore é um grande disco de rock ‘n’ roll, recheado de belos riffs e muito peso. “Steal Your Heart Away”, ‘Tell me How”, “Dogs in the Street” e “My Evil Ways” estão aí para comprovar. Além disso, o primeiro single “Love Will Set You Free” e “I Need You (Shine a Light)”, bem como a longa faixa título tem tudo para se tornarem figurinhas carimbadas no setlist da banda por um bom tempo.
Obviamente quem estiver atrás de outro 1987, ou Slide It In pode se frustrar, mas dificilmente deixará de gostar desse novo Cd.

Tudo bem, tudo bem, “Easir Said Than Done” e “Fare Thee Well” são boas baladas e “One of Those Days” possui uma sensacional levada acústica, mas acho que ficou faltando uma baladaça daquelas em que Coverdale não se incomoda em repetir diversos “baby, baby, baby” ou “love”pra lá e pra cá. Quem sabe no próximo…