THE FRAY – Radio City Music Hall (New York) – 12/04/2012

Sempre quis ter a oportunidade de assistir a um show fora do Brasil e, assim, comparar com o que ocorre por aqui. E neste mês de abril não só realizei esse objetivo como pude conhecer um dos locais mais míticos para a música mundial: O Radio City Music Hall, em Nova York.

E posso dizer que foi tudo perfeito. A organização é invejável. Pouca fila e tudo muito bem feitinho; e o local então, só elogios. O Radio City é luxuoso demais, todo acarpetado, com escadas gigantescas e com todos os assentos estofados. Os banheiros são chamados de lounges e existem bares muito bem equipados. A acústica é perfeita em todos os locais (pista e mezaninos), e o som não falha em nenhum momento do show, e sequer podemos perceber aquelas temidas e chatas variações de volume que tanto ocorrem por aqui. Ou seja, é o lugar perfeito para os amantes da música presenciarem um espetáculo completo.

Agora falemos um pouco sobre os shows em si. A abertura foi da cantora Jessie Baylin que fez um bom aquecimento. Com uma ótima banda e uma voz bastante agradável, a cantora mostrou talento em composições que misturam rock, pop e folk. Bem legal!

Após o show inicial, o Radio City ficou completamente lotado e logo a atração principal entrou no palco. E que ótimo show o The Fray proporcionou. Pop/rock ( ou como chamam os críticos americanos piano rock) muito competente e repleto de belas baladas e melodias caprichadas. A banda trouxe um setlist baseado no novo disco Scars & Stories, mas não deixou de executar os principais hits de seus outros dois álbuns.

Destaques para as novas “Heartbeat”, “The Fighter” (minha predileta), “Run for Your Life” e para as já conhecidas “Over My Head”(primeiro single da banda), “How to Save a Life”, “Look After You” (do cd de estreia How to Save a Life), “Syndicate”, “You Found Me” e “Never say Never” (do segundo álbum, The Fray).

O único ponto negativo é que a plateia vibra bem menos do que aqui. Ao ponto do vocalista e pianista Isaac Slade pedir algumas vezes durante o show para que os espectadores levantassem das poltronas (sim, existem poltronas também na pista o que até certo ponto contribui para a certa passividade dos presentes) e chegassem mais perto do palco. Além disso, Slade fez questão de andar por todo o local chegando até a subir para cumprimentar as pessoas no primeiro mezanino.

Resumindo, excelente show, de uma banda que tem tudo para estourar fora dos Estados Unidos, em um local consagrado que vale todo tipo de elogio e cuja fama é extremamente merecida. Inesquecível! Se você for para Nova York não perca a chance de assistir a um show no Radio City Music Hall. Eu recomendo!

Setlist:

Munich

Turn Me On

Here We Are

You Found Me

All At Once

The Wind

Happiness

Never Say Never

Be Still

Rainy Zurich

The Fighter

Run For Your Life

Syndicate

How To Save A Life

Over My Head (Cable Car)

Heartbeat

Look After You

Maps (Yeah Yeah Yeahs cover)

ADRENALINE MOB – Omertá (2012)

Estava bastante curioso para conferir o cd de estréia do Adrenaline Mob, banda que conta com o vocalista do Symphony X, Russell Allen, e o ex-baterista do Dream Theater, Mike Portnoy. E a curiosidade valeu à pena. O álbum é excelente!

Não dava mesmo para duvidar da qualidade de um grupo que reúne um dos melhores bateristas do mundo e para mim o melhor vocalista do metal na atualidade. O som dos caras é diferente do Metal Progressivo que praticam (ou no caso de Portnoy, praticava) em suas bandas de origem.

O Adrenaline Mob mistura com competência Heavy Metal Moderno e cheio de groove com boas doses de Hard Rock. O lado mais moderno aparece logo na faixa de abertura de Omertá “Undauted” que lembra bastante a banda de New Metal Disturbed. O peso predomina em “Psychosane” (destaque total para o guitarrista Mike Orlando) e “Indifferent” onde podemos comprovar o talento do vocalista Russell Allen.

Quarta faixa do cd, “All on the Line” é uma balada que gruda logo na cabeça e você já passa a cantarolar o refrão. Logo na sequência, “Hit the Wall” e “Feelin’” retomam o peso, apostando na velocidade e na pegada de Portnoy, que aqui é muito mais contido (de forma positiva) e menos virtuoso do que era no Dream Theater, e na versatilidade de Allen. Sensacional!

O cover do Duran Duran para “Come Undone” foi uma surpresa bastante agradável. Nunca poderia imaginar que essa canção poderia soar tão pesada e melodiosa ao mesmo tempo. E o contraponto entre os vocais de Allen e da convidada Lizzy Hale (da banda Halestorm) funcionou com perfeição cirúrgica.  Outro grande momento.

“Believe Me” soa bem Hard Rock, enquanto “Down to the Floor” é puro Heavy Metal (mais uma vez ponto para o guitarrista Mike Orlando que capricha nos solos). “Angel Sky” é outra balada muito bem feita, típica do Hard norte-americano e “Freight Train” investe no refrão pegajoso e nos solos encorpados, fechando o debut com aquele gostinho de “quero mais”.

O Adrenaline Mob não é a salvação do Heavy/Hard mundial, mas tem tudo para agradar aqueles que gostam de um bom rock ‘n’ roll, feito com honestidade e muita qualidade. Corra atrás deste cd, pois vale cada centavo investido. Eu garanto!

TrackList:

1.Undaunted
2.Psychosane
3.Indifferent
4.All on the Line
5.Hit the Wall
6.Feelin’ Me
7.Come Undone
8.Believe Me
9.Down to the Floor
10.Angel Sky
11.Freight Train

 

VAN HALEN – A Different Kind of Truth (2012)

O que parecia muito distante, ou mesmo impossível, finalmente aconteceu: o Van Halen lançou novo disco, e com o esperado retorno de David Lee Roth aos vocais após 28 anos. Se a reunião vai durar, ninguém aposta, mas que o disco novo é bem legal isso eu garanto.

Tudo bem, muita gente vai falar (na verdade, já estão falando isso por aí) que “A Different Kind of Truth” é uma coleção de músicas engavetadas, e que Eddie e Dave são preguiçosos, ou não tem mais capacidade para criar músicas novas. Mas, sinceramente… e daí?

Músicas velhas ou não, elas são tudo aquilo que os fãs da formação original tanto queriam voltar a ouvir. Canções energéticas que misturam o talento incrível do guitarrista Eddie Van Halen, que dá um verdadeiro show durante todo o cd, com os vocais únicos do “doidão” Diamond Dave. Em algumas canções dá até para imaginar o velho Dave dando seus saltos “kung-funianos” (será que existe esse termo?).

O antigo baixista, Michael Anthony faz falta sim, principalmente com relação aos backing vocals impecáveis que ele fazia primorosamente no Van Halen, e hoje os executa com primazia no Chickenfoot, mas Wolfgang, o jovem filho de Eddie, não compromete não.

O mais legal de um disco como esse é que logo nos primeiros acordes reconhecemos quem é a banda. Não há loucuras, experimentações ou grandes novidades. O que está lá é o bom e velho Van Halen do início da carreira. Tudo bem, regravar músicas daquela época (alguns trechos destas faixas foram criados na segunda metade dos anos 70) ajuda muito, mas se não houvesse competência e feeling tudo poderia ir por água a baixo.

Eddie continua tocando demais e David Lee Roth está em ótima forma. O único defeito do álbum, para mim, é a falta de um ou outro clássico. Aquele sucesso que toca sem parar nas rádios e ninguém esquece. Mesmo assim, é impossível não elogiar a linearidade do álbum e deixar de destacar canções como “Tattoo” (primeiro clipe e single); “She’s a Woman”; “Chinatown” (sensacional!); “Bullethead (riffs matadores de Eddie)” e “Outta Space”.

Sim, o bom e velho Van Halen está de volta. Agora só falta conferir a banda ao vivo aqui no Brasil. Um sonho que muita gente, como eu, cultiva há anos. Enquanto isso não acontece, corra atrás de A Different Kind of Truth. Eu recomendo!

Tracklist:

1. “Tattoo” (4:43)
2. “She’s the Woman” (2:56)
3. “You and Your Blues” (3:43)
4. “China Town” (3:14)
5. “Blood and Fire” (4:26)
6. “Bullethead” (2:30)
7. “As Is” (4:47)
8. “Honeybabysweetiedoll” (3:46)
9. “The Trouble with Never” (3:59)
10. “Outta Space” (2:53)
11. “Stay Frosty” (4:07)
12. “Big River” (3:50)
13. “Beats Workin'” (5:04)

 

VOLBEAT: Sensação Dinamarquesa

O post de hoje é um tanto quanto diferente, não versará sobre nenhum CD específico, lançamento ou show, e sim uma dica de uma banda relativamente nova e que tem me chamado muito a atenção, lançamento após lançamento. Conheça o VOLBEAT.

Esta banda dinamarquesa tem feito muito sucesso na Europa, EUA e Canadá graças a uma mistura muito bem feita entre heavy metal, hard rock, punk e rockabilly. E este sucesso é mais do que merecido. Há muito tempo eu não ouvia uma banda tão competente, criativa e empolgante.

Imagine um som bastante pesado (com influências claras de Metallica), baixos inspirados no rockabilly e um vocalista que nos remete a Elvis Presley, músicas grudentas e muito bem elaboradas, sem soarem como datadas ou comerciais, e pronto, você tem o Volbeat.

A banda já lançou quatro álbuns de estúdio e um CD/DVD ao vivo. Os três primeiros álbuns da banda The Strength / The Sound / The Songs (2005), Rock the Rebel / Metal the Devil (2007) e Guitar Gangsters & Cadillac Blood (2008) conquistaram o ouro na Dinamarca. Em 2010 foi lançado o quarto álbum da banda, Beyond Hell / Above Heaven, que fez a banda estourar nos Estados Unidos, e no passado saiu o primeiro ao vivo, Live from Beyond Hell / Above Heaven.

Os dinamarqueses já chamaram a atenção de bandas famosas que fizeram questão de ter o Volbeat em suas turnês. Recentemente, abriram alguns shows do Big 4, que tem em seu cast Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax e atualmente fazem parte do festival itinerante Gigantour que conta com Motorhead e Megadeth, dentre outros.

Difícil citar um álbum em especial, pois todos são muito bons, mas se você quiser ter uma boa idéia do que a banda pode fazer confira o ao vivo Live from Beyond Hell / Above Heaven. Músicas como “Maybellene I Hofteholder”, “Who They Are”, “Evelyn”, “The Garden’s Tale”, “Fallen”, “Still Counting” e “I Only Wanna Be With You” ficam ainda melhores ao vivo.

Ah, e a melhor notícia é que os caras devem pintar no Brasil no segundo semestre. A banda já foi pré-confirmada para a versão brasileira do famoso festival europeu Wacken Open Air e certamente visitará outras partes do país, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Corra atrás dos clipes da banda no YouTube, ouça os CD’s e confira essa sensacional banda. Você não vai se arrepender. Fica a dica…

Veteranos em alta: Anthrax e Megadeth lançam novos álbuns

Anthrax e Megadeth, dois dos maiores ícones do Thrash Metal mundial, acabam de ter seus novos cd’s lançados no Brasil. Integrantes do famoso Big Four ao lado de Metallica e Slayer, as duas bandas comprovam com seus novos álbuns que ainda têm muita lenha para queimar, e assim, presentear os fãs com música da mais alta qualidade.

Worship Music marca o retorno do vocalista Joey Belladonna, que apesar de não ser o vocalista original foi um dos responsáveis por tornar o Anthrax conhecido e respeitado no cenário do rock pesado mundial. E como Belladonna faz bem à banda. Seu vocal não é o mais técnico do mundo, mas combina perfeitamente com os riffs clássicos do guitarrista Scott Ian.

O novo álbum traz uma mescla entre as sonoridades do início da carreira com a modernidade dos últimos discos com o vocalista John Bush (Armored Saint). As sensacionais “Earth on Hell”, “Fight Em Til You Can’t” (poderia estar em qualquer álbum do início da carreira), “The Giant” (onde o batera Charlie Benante solta o braço), “Judas Priest” (sim, uma homenagem à banda de Rob Halford) e “Revolution Screams” nos remetem aos tempos áureos de álbuns clássicos da banda como Persistence of Time. Já “The Devil you Know” e “The Constant” mostram a evolução da banda, e parecem bastante com as canções feitas pela banda na fase mais recente.

Após oito anos sem lançar nada novo e depois de brigas e mais brigas com vocalistas o Anthrax está de volta e com tudo. Worship Music prova isso. Tomara que o casamento entre Belladona e banda dure muito tempo e continue nos brindando com grandes trabalhos.

Assim como ocorreu com os parceiros do Anthrax, o novo álbum do Megadeth, Thirteen, também marca um esperado retorno, o do baixista Dave Ellefson, que reatou a amizade e a parceria com o vocalista, guitarrista e dono da banda, Dave Mustaine. Não espere por outro clássico do Thrash Metal, pois há tempos a banda deixou de soar como nos primeiros lançamentos, mas estamos diante de um disco digno da história do Megadeth .

Thirteen mostra uma banda super coesa e entrosada (o guitarrista Chris Broderick é sensacional e o baterista Shawn Drover evoluiu demais), e que aposta alto nas melodias e nos solos bem elaborados. O primeiro single “Public Enemy No.1” já virou um clássico. Excelente música, pesadona e com um refrão empolgante. “Whose Life (Is It Anyway?) é outro destaque, assim como a rápida e ao mesmo tempo cadenciada “Fast Lane”, a épica “13” e as ótimas “Sudden Death”, “Never Dead”, e “Wrecker”. Para quem gosta da fase atual do Megadeth é satisfação mais do que garantida!

Dois  grandes lançamentos e ótimos presentes para seu Amigo Secreto de final de ano. Quem é fã dessas bandas, como eu, pode comemorar: o metal está mais vivo do que nunca e com qualidade de sobra!

 

LYNYRD SKYNYRD – SWU (13/11/2011)

Assistir a um show do Lynyrd Skynyrd no Brasil era quase que uma utopia, um sonho impossível e inviável para nós fãs da banda, afinal, é notório que os caras evitam sair dos Estados Unidos. Porém, o festival SWU conseguiu a incrível e surpreendente proeza de trazer a lenda do southern rock para o Brasil e, assim, realizar o sonho de muita gente.

Antes de falar sobre o show é importante dizer que o Lynyrd Skynyrd não é uma banda de rock comum. Na verdade,  podemos dizer que ela é uma instituição do rock sulista norte-americano, e porque não do rock em geral. O respeito e o carinho que a banda tem é impressionante. E é por isso que mesmo após a perda de praticamente todos os integrantes, inclusive do líder, o vocalista e fundador Ronnie Van Zant, a banda continua viva, mantendo seu legado e ganhando cada vez mais fãs, dentro e fora de sua terra natal.

Tudo isso ficou evidente na segunda noite do SWU. Para minha surpresa, a quantidade de fãs com a camiseta da banda, chapéus e bandeiras dos confederados era enorme. Até pessoas com a cara pintada com a referida bandeira podiam ser encontradas. A espera foi enorme até o início do show, mas plenamente compensada e com gostinho de “quero mais”. A banda entrou no palco ao som de “Working for MCA” levando o público à loucura. Muito legal ver a cara de espanto  do vocalista Johnny Van Zant, que certamente não esperava a reação de um público tão apaixonado fora dos EUA. E por falar em Johnny, como canta o homem. Além disso, comanda a plateia com maestria, mostrando ser um excelente frontman. Onde quer que esteja, Ronnie deve estar extremamente orgulhoso do irmão mais novo.

Apesar de curto, o setlist apresentou vários clássicos como “I Ain’t the One”, “What’s Your Name”, “Down South Jukin’”, “That Smell”, “Gimme Three Steps” e “Call me the Breeze” (cover de JJ Cale imortalizado pelo Skynyrd), além da nova “Skynyrd Nation” que mostrou que a banda não vive só do passado e que ainda tem muita lenha para queimar. E a performance dos músicos foi muito boa. Destaque para o trio de guitarras comandadas por Gary Rossington, único membro original do grupo, e Rickey Medlocke, líder do Blackfoot, outra banda clássica do southern americano e que está de volta à banda, após breve passagem na década de setenta como baterista.

Mas, sem dúvida alguma,  os momentos mais emocionantes ficaram reservados para os três maiores hinos da banda: “Simple Man”, “Sweet Home Alabama” e “Free Bird”. A maravilhosa balada “Simple Man” veio no momento em que a chuva mais castigava e colocou todo mundo para cantar. Só não cantou quem estava chorando. E olha que muita gente se emocionou de verdade nesta hora, chegando a soluçar de tanto chorar. Confesso que o nó na garganta me fez parar de cantar em alguns trechos. A comoção foi ainda maior em “Sweet Home Alabama”, música mais famosa da banda, e que contou com um potente coral feito pelo público, o que certamente espantou os americanos. Impressionante o poder que essa música tem. Todo mundo conhece e gosta dela!

“Free Bird” veio no bis e encerrou o concerto de forma apoteótica. O que falar desta épica canção? Doze minutos de perfeição, misturando melodia, peso e muito feeling. Resumindo: uma verdadeira e arrepiante obra-prima! Claro que o público veio abaixo e Van Zant e Cia saíram ovacionados, após sua primeira experiência na América do Sul. Caminho mais do que aberto para que o grupo retorne ao Brasil mais vezes e com sucesso garantido.

Única crítica: bem que o setlist poderia ter sido um pouco maior e de preferência incluindo a fantástica balada “Tuesday’s Gone”. Mas, valeu muito à pena ficar dez horas em pé em baixo de chuva para ver de perto (bem perto mesmo!) uma de minhas bandas prediletas em um show histórico. Obrigado Lynyrd Skynyrd!!! Obrigado SWU!!! Sonho realizado!

Setlist:

1- “MCA”
2- “I ain’t the one”
3- “Skynyrd nation”
4- “What’s your name”
5- “Down south jukin'”
6- “That smell”
7- “Same old blues”
8- “I know a little”
9- “Simple man”
10- “T for Texas”
11- “Gimme three steps”
12- “Call me the breeze”
13- “Sweet home Alabama”
14- “Free bird”

Lynyrd Skynyrd – \”Sweet Home Alabama\” no SWU

PEARL JAM (Morumbi/SP) – 04/11/2011

68 mil pessoas, 29 músicas, duas horas e quinze minutos de catarse coletiva, simpatia, honestidade, talento e muito, muito rock ‘n’ roll. Acho que isso resume bem o que foi a segunda apresentação do Pearl Jam no Estádio do Morumbi, em São Paulo.

Diferentemente do que ocorreu em 2005, dessa vez não pude ir aos dois shows da minha banda favorita em São Paulo, uma pena. Mas fui plenamente recompensado por uma apresentação maravilhosa nesta sexta-feira. Tenho certeza absoluta que o Pearl Jam é a única banda no mundo que pode fazer dois shows seguidos com setlists muito diferentes sem comprometer ou causar grandes frustrações. De quinta para sexta-feira apenas doze (das 26) músicas foram tocadas novamente.

E a banda é demais mesmo. Eddie Vedder é um frontman perfeito, canta muito e tem carisma de sobra. Os guitarristas Stone Gossard e Mike McCready (seus solos são demais!) fazem uma dupla sensacional e a cozinha formada pelo baixista Jeff Ament e pelo batera Matt Cameron garante o poderio rítmico da banda. E que belo show fizeram esses caras ontem. O PJ subiu ao palco às 21h17 ao som da paulada “Go”. Logo emendaram outra pedrada “Do the Evolution”. Resultado? Jogo ganho!

Os reis do grunge mesclaram com sabedoria baladas e rocks mais furiosos e ainda puderam apresentar músicas novas como “Olé” que estará no próximo disco da banda e canções mais intimistas como as belas “Setting Forth” da trilha sonora do filme Na Natureza Selvagem (álbum solo de Eddie Vedder) e “Inside Job”. As covers também não ficaram de fora. Casos da onipresente “Last Kiss” e de “Baba O’ Riley”, do The Who. Para os saudosistas, destaque especial para as seis canções do clássico disco de estreia, Ten: “Once”, “Why Go” e os hits “Even Flow”, “Jeremy”, “Alive” e “Black”. E por falar nesta última, que música é essa!!! A perfeição desta balada é algo inigualável. Emociona até pedra!

As mais recentes “Just Breathe” (lindíssima), “Amongst the Waves”, “Unthought Known”, “The Fixer” “Gonna See My Friend” e “Got Some” do ótimo último album de estúdio, Backspacer, funcionaram muito bem ao lado de clássicas como “Given to Fly”, “Not for You”, “State of Love and Trust”, “Spin the Black Circle”, “Betterman” e “Yellow Ledbetter” (que sempre finaliza bem os concertos da banda).

Mais uma vez foi maravilhoso assistir a um show do Pearl Jam. Melhor ainda, ao lado de meus melhores amigos. Espero que isso se repita muitas e muitas vezes e que não demore seis anos novamente para isso.

Uma observação: quem nunca foi a um show de Eddie Vedder e Cia. e que gosta de rock sem frescuras, ou apenas de uma boa música, por favor não perca outra oportunidade. Satisfação mais do que garantida e adrenalina de sobra horas e horas após o espetáculo! Até o próximo show…

Setlist:

Go

Do The Evolution

Severed Hand

Hail Hail

Got Some

Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town

Given To Fly

Gonna See My Friend

Wishlist

Amongst The Waves

Setting Forth

Not For You

Even Flow

Unthought Known

The Fixer

Once

Black

Just Breathe

Inside Job

State Of Love And Trust

Olé

Why Go

Jeremy

Last Kiss

Better Man

Spin The Black Circle

Alive

Baba O’Riley

Yellow Ledbetter

Minha galera no show do PJ

ROCK IN RIO – Parte 2

A segunda parte do Rock in Rio começou na quinta-feira com um show no mínimo emocionante. Remanescentes da Legião Urbana, Orquestra Sinfônica Brasileira e os convidados Dinho Ouro Preto, Pitty, Herbert Viana, Rogério Flausino e Toni Platão fizeram uma homenagem mais do que merecida ao saudoso Renato Russo com dez super clássicos do rock nacional. Maravilhoso. Em seguida, a cantora Janelle Monáe fez outra boa apresentação com muito soul e funk, com direito a covers de Prince e Jackson Five. O pop voltou à tona com a “forçada” Ke$ha, e fez a alegria de alguns fãs e como não sou um deles fiquei na expectativa da atração seguinte. Os britânicos do Jamiroquai mandaram bem como sempre. Eles são muito bons, mas senti falta de algumas músicas famosas da banda como “Space Cowboy” e “Virtual Insanity”. A lenda Stevie Wonder fechou a noite com um show repleto de clássicos e algumas surpresas como alguns pedaços de “Garota de Ipanema” cantada com a ajuda da filha e “Você Abusou”. Foi uma apresentação contagiante e quem assistiu in loco ou pela TV certamente ficou muito satisfeito.

A quinta noite do festival (na minha opinião a mais fraquinha) teve logo de cara três apresentações de artistas nacionais: Marcelo D2, Jota Quest e Ivete Sangalo. Confesso que dispensei as duas primeiras e vi algumas partes da rainha do axé. Ivete Sangalo é ótima naquilo que se propõe a fazer, possui carisma de sobra e preparou em setlist com sucessos e covers de Tim Maia (“Não Quero Dinheiro, Eu só Quero Amar”) e The Comodores, a onipresete “Easy”, além de “More than Words” do Extreme. O povo se divertiu bastante. Única atração com cara de rock, Lenny Kravitz, ficou parecendo um peixe fora d’água. Outro prejudicado pela “desorganização” do evento. Deveria ter tocado na noite anterior. Lenny fez um bom show, mas um tanto quanto frio. O público só demonstrou alguma reação nas músicas mais famosas. Uma pena. Atração mais esperada da noite, a colombiana Shakira colocou todo mundo para dançar com seus maiores hits. Além disso, chamou Ivete Sangalo para participar do bis com uma versão de País Tropical de Jorge Benjor.

A penúltima noite do festival começou com um ótimo show do Frejat. Muito bom ouvir músicas do Barão Vermelho, canções da carreira solo do antigo parceiro de Cazuza e algumas covers muito bem selecionadas, como “Ainda é Cedo” da Legião.  Com a platéia já bastante aquecida os mineiros do Skank mantiveram o clima “lá em cima” com a mesma aposta de mostrar as músicas mais famosas e puxar o público para cantar junto. Primeiros gringos da noite, os mexicanos do Maná foram bem, esbanjaram simpatia e boas melodias. O Maroon 5, banda que tive a oportunidade de assistir em 2008, sempre faz ótimos shows. Os caras são muito bons ao vivo e o público do Rock in Rio pode comprovar isso. Bela apresentação. Certamente surpreenderam muita gente. Donos da noite, os inglesess do Coldplay ousaram em tocar sete (!) músicas do disco novo, Mylo Xyloto, que nem saiu ainda, deixando de lado algumas músicas obrigatórias como “Trouble”, “Speed of Sound” e “The Hardest Part”, mas a banda entrou com o jogo ganho e foi ovacionada, especialmente em clássicos como “Viva La Vida” que ganhou altos coros, ‘Yellow”, “The Scientist”, dentre outras. Chris Martin provou ser um excelente frontman e o Coldplay agradou todo mundo (até minha mãe gostou!).

Última noite de Rock in Rio, infelizmente. Os brasileiros Detonautas e Pitty abriram os trabalhos e conseguiram animar os presentes, apesar de alguns problemas no som, especialmente no show da cantora baiana. Coincidência ou não as duas bandas homenagearam o Nirvana com trechos de “Smells Like Teen Spirit”. Legal saber que o povo brasileiro tem tido mais paciência e principalmente respeito com os artistas nacionais. Na sequência vieram os americanos do Evanescence, que assim como o Coldplay resolveram apresentar várias músicas do novo Cd que ainda não saiu (fato esse que não concordo muito, afinal é um festival e acaba sendo um risco grande para uma banda que não é a principal da noite). Amy Lee canta bem e é muito carismática, e a nova formação da banda parece bastante afiada. Foi bom, mas não empolgou. O povo vibrou mesmo com a bela versão de “My Immortal” e com a saideira “Bring me to Life”, grandes clássicos da banda. O System of a Down veio em seguida e quebrou tudo.  A banda é uma das melhores coisas que surgiram no rock/metal mundial nos últimos tempos. Criativos como ninguém eles cativaram e hipnotizaram a platéia do começo ao fim das 28 músicas e deixaram uma baita responsabilidade para Axl e Cia. O Guns (ou seria uma banda cover?) fechou o evento após uma verdadeira tempestade que caiu no RJ e sinceramente não empolgou, com pouca inspiração e desentrosamento entre a banda. Ela ainda diverte em clássicos como “Sweet Child O’ Mine” e “Paradise City”, mas Axl está evidentemente sem o pique de outrora e que me perdoem os fanáticos, mas o guitarrista Slash faz muita falta. O show acabou as cinco da manhã com público e Axl bem cansados.

Não foi o melhor final para o Rock in Rio, ficou mais naquela mística do Guns do passado. No geral foi um excelente evento com muita diversidade e shows que ficarão na memória de todos por muito tempo. Que venha o Rock in Rio 2013! Esperaremos ansiosamente!

Coldplay – \”Viva la Vida\” – Rock in Rio 2011

ROCK IN RIO – Parte 1

Sim, começou o grande evento da música no ano de 2011, o Rock in Rio. E digo evento da música porque a alcunha de rock já deixou de brilhar sozinha faz tempo, infelizmente. Na verdade nunca o festival foi 100% dedicado ao rock, afinal o primeiro em 1985 tinha no seu cast nomes como Ivan Lins e James Taylor, por exemplo. O segundo apresentava New Kids on the Block, Debbie Gibson e George Michael e o terceiro escancarava de vez com Sandy & Júnior, Britney Spears, Five e ‘N Sync.

O Rock in Rio deste ano não está sendo diferente, dando espaço para todos os estilos musicais. Logo no primeiro dia, o dia pop, tivemos até axé, com Claudia Leite, que tentou fazer jus ao nome do evento com uma cover de Dyer Maker do Led Zeppelin. A bela Katy Perry fez um show bem divertido e Rihanna para mim foi a grande decepção, fechando a primeira noite com pouco entusiasmo. Dias depois fiquei sabendo que ela teve que ser atendida às pressas antes do show por causa de sérios problemas na garganta. Dois foram os destaques da noite para mim. Primeiro, o show de abertura com Titãs e Paralamas do Sucesso. É sempre legar ver as bandas que marcaram sua adolescência. E depois a apresentação do sempre competente Elton John, que merecia ter fechado a noite. Não tem como não se emocionar com canções como Tiny Dancer e Skyline Pigeon, dentre muitas outras.

O segundo dia de festival teve altos e baixos. O show de Mike Patton do Fatih no More cantando músicas em italiano com a Orquestra de Heliópolis no palco secundário foi impagável. O cara é sensacional! No Palco Mundo (principal) tivemos um NXzero esforçado, mas claramente deslumbrado e assustado com a magnitude do espetáculo, um desconhecido, porém muito bom Stone Sour (banda do vocalista do Slipknot) que conseguiu cativar o público com um som pesado e muito bem feito, e um Capital Inicial que sabe como poucos entreter um público, com seus eternos clássicos. Penúltima banda da noite, o calmo Snow Patrol sofreu com a péssima capacidade dos organizadores do evento em termos de escalação. Gosto da banda, tem músicas lindas como Run, Chasing Cars e Open Yor Eyes, mas estavam no dia errado. Deveriam abrir para o Coldplay. O Red Hot Chili Peppers fechou a noite com a animação de sempre, a extrema competência do baixista Felea e privilegiando os clássicos da fase mais recente do grupo (senti falta de músicas antigas como Fight Like a Brave e Knock me Down) e ainda fizeram uma bela homenagem para o filho da atriz Cissa Guimarães que morreu meses atrás.

Para a alegria deste jornalista, a terceira noite foi a do metal, e foi sem dúvida a melhor. Pra começar outra pisada de bola. Deixar a lenda Sepultura no palco secundário e os desconhecidos paulistas do Glória no palco principal é uma tremenda sacanagem. Resultado: vaias incessantes para os novatos que tem no espetacular baterista Eloy Casagrande seu grande destaque. Por falar em Sepultura, a banda acompanhada dos franceses do Les Tambours Du Bronx fizeram um ótimo show. Antes deles o Korzus também foi muito bem e o Angra acompanhado da cantora finlandesa Tarja Turunen sofreu muito com o péssimo som, que o diga o vocalista Edu Falaschi que deu boas desafinadas.

Depois do Glória foi a vez dos desconhecidos norte-americanos do Coheed and Cambria mostrarem seu metal progressivo muito louco. Boa banda. Os caras mandaram bem, principalmente com a cover The Trooper do Iron Maiden, banda que sempre deve ser lembrada quando se fala em Rock in Rio. O clássico Motorhead sofreu com problemas de som, mas Lemmy e Cia. agitaram o público com hinos como Ace of Spades e Overkill, com participação especial do guitarrista Andreas Kisser do Sepultura. Os mascarados do Slipknot vieram em seguida e literalmente detonaram. Paulada atrás de paulada, muito jogo de cena, climas de filme de terror, boa música, domínio do público e performances mais do que energéticas dos músicos, com direito a stage diving e tudo mais. Um show na acepção da palavra, talvez o melhor até agora. Para fechar a noite, o Metallica mostrou por que é uma lenda do metal mundial. Que belo show! Clássicos atrás de clássicos. Os caras continuam excelentes ao vivo. James Hetfield é outro que sabe muito bem como interagir com os fãs. E já estava mais do que na hora do Metallica se apresentar no Rock in Rio original. Músicas como Creeping Death, One, Enter Sadman, Master of Puppets, Whiplash e Seek & Destroy fazem parte da enciclopédia básica de qualquer fã do rock pesado.

Esta foi a primeira parte do festival. Nesta semana ainda teremos a promessa de ótimos shows, afinal vem coisa boa por aí: Guns N’ Roses, System of a Down, Evanescence, Stevie Wonder, Coldplay, além de algumas “papagaiadas” dos organizadores. Mas isso faz parte, afinal festival de música é assim mesmo, deve agradar a gregos e troianos mesmo quando o nome do evento é Rock in Rio.

Momento mais insano do Slipknot no Rock in Rio

BROTHER CANE – Brother Cane (1993)

O Release Musical apresenta umas das bandas mais subestimadas do rock mundial, o Brother Cane. A banda norte-americana lançou três excepcionais álbuns entre 1993 e 1998, e infelizmente ficou estagnada até poucos dias quando anunciou seu retorno.

Falaremos hoje sobre o autointitulado disco de estreia dessa sensacional banda de hard rock com generosas pitadas de blues e do sempre bem-vindo southern rock.

O debut começa com um dos grandes sucessos da banda, a empolgante “Got No Shame” que possui uma sensacional introdução de gaita (que eu até a coloquei como toque do meu celular) e resume bem a qualidade do grupo e suas intenções. Segunda faixa, “Hard Act to Follow” é uma semibalada que aposta alto no seu refrão. “How Long” é puro rock ‘n’ roll muito bem construído com destaque para as guitarras e para o vocal sempre muito bem dosado do líder da banda, Damon Johnson. “Don’t Turn Your Back on Me” mantém o espírito roqueiro lá em cima, mais uma vez apostando nos refrãos grudentos.

Quinta faixa do disco, “Woman” começa cadenciada e lenta e depois acelera bastante, mantendo o padrão rock/blues/southern que permeia o álbum. “Pressure” mantém a linearidade das canções, com destaque para a bateria bem pesada de Scott Collier. O hard rock fala mais alto em “The Last Time”, faixa que ao vivo deve ser sensacional. Dá para imaginar a platéia agitando como nunca. “The Road” é uma das minhas prediletas, e grande destaque do disco junto da faixa de abertura. Ela lembra muito Lynyrd Skynyrd e tem um bom gosto acima do normal. Uma bela balada! “That Don’t Satisfy Me” é outro ponto alto do cd. “Rockão” de primeira com direito a coros femininos e teclados. “Stone’s Throw Away” e a longa “Make your Play” fecham o álbum mantendo o alto nível. Vale salientar a competência dos músicos. O vocalista e guitarrista Damon Johnson é um dos músicos mais requisitados do cenário roqueiro, já tendo trabalhado com feras do quilate de Alice Cooper e Carlos Santana.

Brother Cane é o disco perfeito para quem curte boa música, especialmente se você tiver uma quedinha pelo hard rock temperado com blues e southern rock. A banda é maravilhosa e vale à pena correr atrás dos outros discos, Seeds (que possui o maior sucesso da banda, a ótima “And Fools Shine On”) e  Wishpool. Fica a dica!

Tracklist:

  1. Got No Shame
  2. Hard Act to Follow
  3. How Long
  4. Don’t Turn Your Back on Me
  5. Woman
  6. Pressure
  7. The Last Time
  8. The Road
  9. That Don’t Satisfy Me
  10. Stone’s Throw Away
  11. Make Your Play